segunda-feira, 8 de junho de 2020

BIOGRAFIAS FADISTAS




NATÉRCIA MARIA

Natércia Maria Carvalho de Andrade nasceu na freguesia de Massarelos, no Porto, em 1945. Segundo lhe contaram, tinha apenas 3 anos já encantava amigos e vizinhos com as suas interpretações dos temas mais famosos da altura. Recorda-se como sua primeira canção o tema “Sardinheiras”, do repertório de Amália Rodrigues, que seria também uma das primeiras canções que registaria em disco, em 1964.
Com 18 anos participa no concurso “Cantiga da Rua”, organizado pela emissora Só Rádio do Porto. Natércia Maria conquista o primeiro lugar para a categoria de fado e, a esta classificação soma vários primeiros prémios obtidos em concursos de fado organizados no Palácio de Cristal, no Porto.
A partir daí Natércia Maria inicia a sua carreira profissional, com actuações na Emissora Nacional e em espectáculos da FNAT, a convite do maestro Resende Dias. A fadista faz também programas para a Rádio Renascença e para a RTP Porto.
Em 1964 regista em disco os seus primeiros temas, nos EPs de compilação “Fados de Sempre”, volumes 5 e 6, numa edição da Orfeu. Neste dois discos grava as faixas “Lisboa não sejas francesa” (José Galhardo – Raul Ferrão), “Estranha forma de vida” (Amália Rodrigues – Alfredo Marceneiro), “Fui ao baile”(Amadeu do Vale – Fernando Carvalho) e “Sardinheiras” (Linhares Barbosa – Fernando Freitas), acompanhada pela guitarra de Álvaro Martins e a viola de António Proença.
Dois anos mais tarde, em 1966, passa a gravar para a editora Alvorada, trazendo a público vários EPs com temas que fizerem grande sucesso nessa época, como “Porto à Noite” (José Guimarães – Resende Dias), “Xaile fadista” (F. Vitorino de Sousa – Resende Dias), “Fado da Solidão” (Nelson de Barros – Frederico Valério) ou “Xaile Franjado” (Domingos Gonçalves Costa – Gado Georgino).
Ao longo dos mais de 40 anos da sua carreira Natércia Maria lança inúmeros discos em nome próprio, bem como faixas em compilações e colaborações em trabalhos discográficos como os dirigidos pelo maestro Resende Dias, em edições da Alvorada, Orfeu, Clave, RCA, Codevi, Jeffe, Rapsódia, Aquilla, Gaf, Roda e CBS.
Desde o início da sua carreira que Natércia Maria se desdobra em espectáculos um pouco por todo o país, muitas vezes apresentando-se nos Casinos da Figueira da Foz, de Espinho, do Funchal, da Póvoa de Varzim e do Estoril. Na década de 1960, para além dos espectáculos a solo Natércia Maria integrou, também, o Trio Boreal com quem gravou um disco de música popular portuguesa.
Natércia Maria tem um percurso pautado pela estabilidade, dinamizando a sua actividade entre apresentações na rádio, em apadrinhamento de marchas populares, ou em diversas apresentações em programas de televisão, caso dos “Bom Dia, Domingo”, “Zip Zip”, “Tv Cor”, “Os anos não contam”, “Piano Bar” ou “Às dez” (cf.
Entre as suas deslocações ao estrangeiro destaca-se a ida ao Brasil, em 1986, onde Natércia Maria permaneceu durante dois meses, realizando várias apresentações em espaços da comunidade portuguesa e nas Casas de Portugal do Rio de Janeiro e de São Paulo e participando em programas de televisão.
A fadista foi convidada do Festival da Canção em Orense, Espanha, e apresentou-se em espectáculos em várias regiões da França, em Dusseldorf, na Alemanha, e, em 1988, actuou no Logan Hall em Londres, a convite do Centro Cultural Português daquela cidade.
Valorizando o notável percurso profissional da fadista, a Casa da Imprensa atribuiu-lhe, em 1997, o prémio “Carreira”, durante a “Grande Noite do Fado”, espectáculo em que Natércia Maria tem participado ao longo de diversos anos, nas suas realizações em Lisboa e Porto. Natércia Maria realizou concertos no Casino da Figueira da Foz, em 2007 e 2008, participou em programas de grande audiência televisiva, como o “SIC 10 horas” ou o “Portugal no Coração”, e no espectáculo de homenagem a Fernanda Baptista, que teve lugar no Teatro Sá da Bandeira, em 2008.
Em 2009, Natércia Maria voltou a estúdio para gravar o CD “Gritos de Alma”: Neste disco a fadista faz-se acompanhar por Armindo Fernandes na guitarra portuguesa, por Jorge Sena na viola e Alberto de Almeida no contrabaixo. Num conjunto de 14 temas do seu repertório, Natércia Maria interpreta poemas, entre outros, de Fernando Campos de Castro e Torre da Guia.
Com mais de 40 anos de carreira, Natércia Maria inscreve-se na história do fado como fadista do Porto, obtendo grande sucesso na interpretação dos seus temas “Vidro Partido”, “Sentido Proibido”, “Ruas do Porto”, “Aquela Cidade” ou “Mulher no Palco”, numa carreira que a fez subir ao palco ao lado de grandes nomes da música portuguesa como Amália Rodrigues, Carlos Guilherme, Rodrigo, António Pinto Basto ou Nuno da Câmara Pereira.

Fonte: Museu do Fado - Última actualização: Novembro/2009

(Entretanto, Natércia Maria faleceu no dia 23 de Dezembro de 2013)

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