segunda-feira, 15 de junho de 2020

BIOGRAFIAS FADISTAS




RODRIGO

 

Nasceu no seio de uma família com enormes carências económicas, pelo que aos 12 anos deixou de estudar e começou a trabalhar para ajudar a família, na UTIC, uma empresa de peças para automóveis. Mais tarde entra para a Companhia Nacional de Navegação onde se manteve até aos 19 anos. É neste período que dá os primeiros passos na música fazendo parte de um grupo vocal chamado "Os Cinco Réis", que interpretava músicas latino-americanas, em versões portuguesas. Essa banda chega a gravar um disco: "O Pepe" e a aparecer em vários programas de televisão. Mas, entretanto Rodrigo é chamado para o serviço militar e a banda termina.

Aos 21 anos de idade Rodrigo emigra pela primeira vez, com destino a França, impelido por uma vontade de conhecer e aprender novas coisas. Na véspera da viagem, juntamente com os amigos, terminam a noite de despedida numa casa de Fados em Alcântara, a "Cesária", uma experiência singular para Rodrigo, não só pelo ambiente que o rodeia, como pelo facto de cantar pela primeira vez em público o único Fado que sabia: "Biografia do Fado" de Carlos Ramos. Foi esta a sua "apresentação ao Fado", um sucesso entre os que o ouviam, deixando-o definitivamente seduzido pelo género.

Este momento deixa marcas na sua vida e durante a permanência em França sintonizava os programas da Emissora Nacional para ouvir Fado.

Rodrigo regressa em definitivo a Portugal aos 26 anos e passa a frequentar e a cantar assiduamente nas casas de Fado amador, a sua grande maioria situadas em Cascais e arredores, onde conhece uma singular geração de fadistas; Teresa Tarouca, António Melo Correia, João Braga, José Pracana, Carlos Zel, Carlos Guedes Amorim, Teresa Siqueira, entre outros. Começou a ser solicitado para espectáculos ao vivo e convidado para a primeira gravação.

Profissionaliza-se em 1975, mas ainda como amador gravou os seus primeiros discos, como é o caso de "Eu sou povo e canto esperança", em 1973.

A projecção nacional chegará com o álbum "Coentros e Rabanetes", editado em 1976, e com ele inúmeros concertos, entrevistas e programas na televisão. Rodrigo chega inclusivé a ser convidado para uma Gala no Casino da Figueira da Foz.

No início dos anos 80 abriu a sua própria casa de Fados, em Birre, nos arredores de Cascais, "O Arreda", seguiu-se o "Picadeiro" e o "Estribo" que passou para "Forte D. Rodrigo", dedicando-se quase em exclusivo à sua grande paixão, o Fado.

Em meados da mesma década Rodrigo foi um dos impulsionadores da União Portuguesa de Artistas de Variedades (UPAV).

Face ao assinalável êxito, são inúmeras as viagens e espectáculos que integra, salientando a forte ligação às comunidades portuguesas espalhadas por todo o mundo. Todos os espectáculos são preparados ao ínfimo pormenor, desde o cuidado na escolha do repertório, dos músicos que o acompanham, -habitualmente António Parreira, José Nobre Costa na guitarra portuguesa, Francisco Gonçalves e Raúl Silva na viola - até a uma pequena introdução sobre o poema que se vai cantar.

Recebeu um título de Cidadão Honorário atribuído pelo Senado do Estado de Rhode Island (E.U.A.)

Do seu repertório destacamos os grandes êxitos: "Cais do Sodré" de Francisco V. Bandeiras, "Gente do Mar" e "Eu sou povo e canto esperança" de João Dias, "Coentros e Rabanetes" de Jorge Atayde.

Com uma personalidade muito própria, Rodrigo continua a ser um assinalável caso de popularidade.

 

Fonte: Museu do Fado - Última actualização: Fevereiro/ 2008


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