segunda-feira, 27 de novembro de 2017

BIOGRAFIAS DO FADO




MARIA VALEJO

Filha de Joaquim Garcia Valejo e Dulce Rosado Valejo, Maria Joana Rosado Valejo nasceu a 30 de Março de 1944, em Reguengos de Monsaraz. Desde jovem que se interessa pelo Fado que canta em família.
Contra a vontade da sua família vem para Lisboa aos 17 anos, e ingressa no Centro de Preparação de Artistas da Emissora Nacional.
Por iniciativa do locutor e empresário Marques Vidal, profissionaliza-se e conhece a dupla Eduardo Damas e Manuel Paião, nomes decisivos no percurso da sua carreira, e que assinam grande parte do êxitos interpretados por Maria Valejo, compostos essencialmente por Fado-canção e Fado-castiço. Para o efeito, apresenta-se nas principais casas típicas de Lisboa, designadamente no "Timpanas", "Painel do Fado", "Taverna D´El Rei" de que foi proprietária, e mais recentemente pelo "Faia".
Maria Valejo actua também em espectáculos no cinema Condes, nas principais colectividades da cidade e em espectáculos transmitidos pela televisão. A sua versatilidade proporciona-lhe a entrada no teatro de revista no Parque Mayer e a convite de José Miguel estreia-se na "Zona Azul", ao que se segue "Roupa na Corda", e "Vivo Velho 2". Um sucesso foi a participação na revista itinerante "Com paio e sem laranjas" ao lado de Joel Branco.
Maria Valejo percorre o país de norte a sul, em espectáculos que apresenta a solo ou integrada com outros artistas, e no Brasil, obtêm grande êxito, com espectáculos esgotados no "Lisboa à Noite" (Rio de Janeiro). Curiosamente, a fadista torna-se notada pelo guarda-roupa que enverga: saias curtas e o abandono do característico xaile, ficando conhecida como a "fadista da mini-saia"!
Reunindo todas as condições para uma artista de sucesso, Maria Valejo é convidada para gravar, pela editora Alvorada, nos anos de 1967 e 1972. A Movieplay edita em 1993 o CD "Os Maiores Sucessos", e em 1997 a fadista integra a colecção "O Melhor dos Melhores", que destacam os sucessos, "Como posso ter ciúmes" e "O segredo que eu te disse" de Manuel Paião e Eduardo Damas.
Em 2007, Maria Valejo é distinguida com o Prémio Carreira na categoria de Intérprete, atribuído pela Casa da Imprensa.

Fonte: Museu do Fado - Última actualização: Abril/2008

AUTORES DO FADO










domingo, 19 de novembro de 2017

BIOGRAFIAS FADISTAS





MARIA TERESA DE NORONHA

Maria Teresa do Carmo de Noronha de Guimarães Serôdio nasceu em Lisboa, na freguesia de S. Sebastião da Pedreira, a 17 de setembro de 1918. Filha de Dom António Maria Sales do Carmo de Noronha e de Dona Maria Carlota Appleton de Noronha Cordeiro Feio, Maria Teresa de Noronha descendia dos condes de Paraty.
Fidalga por nascimento viria a tornar-se Condessa de Sabrosa a 17 de Dezmebro de 1947, pelo casamento com o terceiro conde desse título, Dom José António Barbosa de Guimarães Serôdio, guitarrista amador e compositor.
Ainda muito nova começou a cantar em festas de família e de amigos. Maria Teresa de Noronha aliava às características particulares do timbre da sua voz uma educação musical de piano e canto, fazendo parte do coro do maestro Ivo Cruz, e um estatuto social que lhe permitiu ter um percurso de carreira fora do circuito das casas de fado, essencialmente centrado nas suas interpretações ao vivo na rádio.
Ensaiada pelo guitarrista Fernando Freitas e pelo violista Abel Negrão iniciou na Emissora Nacional um programa quinzenal, em 1938, apresentado por Dom João da Câmara, composto por quatro fados e uma guitarrada que se manteve em emissão durante vinte e três anos consecutivos, até ao dia em que a fadista decidiu retirar-se da vida artística, em 1962.
É no contexto deste programa de rádio que Maria Teresa de Noronha atinge uma popularidade crescente, tornando-se numa figura emblemática de um género a que se convencionou chamar “Fado Aristocrático”. Com o seu timbre peculiar ousou cantar temas do fado de Coimbra numa altura em que este estava reservado às vozes masculinas.
Foram vários os instrumentistas que a acompanharam nos seus programas, porque Maria Teresa de Noronha era muito rigorosa e exigia muita qualidade e profissionalismo. Por exemplo com o guitarrista Raúl Nery colaborou ao longo de vinte anos, chegando mesmo a fazer com ele uma deslocação a Espanha em 1946.
Foram poucos os espectáculos e digressões em que Maria Teresa de Noronha participou. De entre as actuações no estrangeiro são de referir as que efectuou, em Junho de 1946, no Festival da Feira do Livro de Barcelona e em Madrid, a convite do Governo espanhol. Ainda nessa mesma década de 1940 viajou até ao Brasil, por ocasião da voo de inauguração entre Lisboa e o Rio de Janeiro.
Duas décadas mais tarde, a fadista apresentou-se em actuações no Principado do Mónaco, para a família real e, em 1964, já depois de ter abandonado a actividade artística, deslocou-se a Londres para cantar na Embaixada e na Casa de Portugal, bem como na BBC (rádio e televisão), acompanhada pelo conjunto de guitarras de Raúl Nery.
Maria Teresa de Noronha apresentou-se algumas vezes em programas da RTP, dois desses programas, um de 1959 e outro de 1968, foram editados, pela Videofono, numa cassete video sob o título “Recordando Maria Teresa de Noronha” que constitui um documento extremamente importante sobre uma das fadistas mais importantes de todo o século XX português.
O primeiro disco da sua carreira, com o tema “O Fado dos Cinco Estilos” foi gravado em 1939, na antiga Emissora Nacional, seguindo-se mais alguns exemplares em formato 78 RPM. A fadista continuará a gravar com alguma regularidade, editando o seu último LP em 1972.
Maria Teresa de Noronha baseou o seu repertório nos fados castiços que mais apreciava, em detrimento do fado canção, interpretando poemas muitas vezes recolhidos no seu universo familiar, como é o caso dos temas “Fado das Horas”, “Sete Letras” e “Fado de Rio Maior”, todos de autoria de D. António de Bragança.
A fadista tornou também grandes êxitos junto do público o “Fado da Verdade”, o “Fado Hilário” e o “Fado Anadia”, que na sua voz e dicção perfeita ganhavam uma qualidade de interpretação que rivalizava com os temas mais populares do seu repertório, caso de “Minhas Penas” ou “Pintadinho”, entre outros.
Em 1974 no Picadeiro, em Cascais, onde fora ouvir Manuel de Almeida, este pediu-lhe que cantasse e, pela última vez, a sua voz foi ouvida num espectáculo público.
Depois dessa data, só os mais íntimos, em privado, a ouviram. Maria Teresa de Noronha faleceu na sua casa, em Sintra, no dia 5 de Julho de 1993, vítima de doença prolongada.

Fonte: Museu do Fado - Última actualização: Abril/2008

AUTORES DO FADO









segunda-feira, 13 de novembro de 2017

BIOGRAFIAS FADISTAS




MARIA JOSÉ DA GUIA

Maria José dos Santos da Guia nasceu em Angola a 16 de Outubro de 1929. Mas muito nova veio morar para Lisboa, para o bairro de Alfama, sendo mesmo a mascote da marcha popular desse bairro.
A fadista estreou-se provavelmente em 1944, passando a actuar em várias casas do Bairro Alto e de Alfama, no Café Luso, no Retiro da Severa, ou na Adega Machado, casa onde permaneceu durante algum tempo.
Participou em várias revistas do Teatro Maria Vitória, Variedades e ABC, em espectáculos onde popularizou vários fados, mas a sua preferência seria mesmo o circuito das casas de fado de Lisboa.
Maria José da Guia casou com Amadeu José de Freitas, um dos mais conhecidos profissionais da comunicação social portuguesa.
A fadista que trajava de negro, sempre com o seu xaile traçado, cantou temas sobre a cidade, o amor e o fado, os quais deixou em inúmeras edições discográficas em formato EP e LP. Lamentavelmente são reduzidas as reedições destes dicos em formato CD.
Maria José da Guia celebrizou uma grande quantidade de fados, cantando versos dos mais conceituados poetas, musicados por compositores de fado igualmente consagrados. Assim, foram muito populares as suas interpretações de “Coimbra” e “Lisboa Antiga”, de autoria de José Galhardo e Raúl Ferrão; da “Casa Portuguesa”, poema de M. Sequeira sobre música de A. Fonseca; “Sempre que Lisboa Canta”, de Aníbal Nazaré e C. Rocha; “Marcha do Centenário”, com autoria de Norberto de Araújo e Raúl Ferrão; ou “Ronda Fadista”, com letra de Domingos Gonçalves Costa e música do Fado Corrido.
No início da década de 70 Maria José da Guia foi convidada para cantar em Luanda, numa casa de fados de nome Muchima.Voltou para Portugal em 1975, já adoentada.
Posteriormente, voltaria a cantar, e fê-lo em diversas casas de fado, discotecas e casinos, destacando-se a casa Mal Cozinhado, no Porto.
No início da década de 90 a fadista retirou-se definitivamente da vida artística, tendo falecido com 62 anos.
A Câmara Municipal de Lisboa, com o propósito de perpetuar a memória da fadista, atribuiu o seu nome a uma rua de Lisboa, situada no Bairro da Cruz Vermelha, na freguesia do Lumiar.

Fonte: Museu do Fado - Última actualização: Abril/2008

AUTORES DO FADO










domingo, 5 de novembro de 2017

BIOGRAFIA FADISTAS





MARIA DA NAZARÉ

“Maria da Nazaré nasceu no Barreiro, então uma das zonas industrias de maior projecção em Portugal. Cedo partiu para Lisboa, onde se radicou no Bairro de Campo de Ourique. E aí começou a cantar, ao despertar para a adolescência. Primeiro em serões de amigos, e logo depois integrada nas sessões para trabalhadores organizadas pela antiga FNAT (hoje INATEL). Nesta mesma altura, pelos finais dos anos sessenta, venceu por duas vezes a Grande Noite do Fado, então patrocinada pela Casa da Imprensa.
Aos 17 anos integrou o elenco dos artistas que colaborava com a antiga Emissora Nacional, percorrendo o país a cantar em serões para trabalhadores que eram retransmitidos pela rádio.
Editou vários discos a solo, mas também em colaboração com o cavaleiro José Mestre Batista e Fernando Farinha.
A sua vida artística tem-na levado a percorrer vários pontos do globo, Brasil, Angola, Moçambique, Grande Bretanha, Bélgica, Finlândia, Suécia, Dinamarca, Espanha, onde a todos eles levava um pouco desta música que percorre as ruas Lisboa.
Tem cantando nas mais prestigiadas casas de espectáculo da região de Lisboa, tal como no Casino Estoril, no Arreda, na Taverna do Embuçado, Lisboa à Noite, Sr. Vinho, e por último no Clube de Fado, onde actua presentemente.
É convidada com frequência para cantar em festas particulares, congressos e hotéis, e em programas de televisão. Isto para além de diversas participações no Centro Cultural de Belém, na Aula Magna, na Expo 98, nas festas do Avante e da União Geral de Trabalhadores, e ainda em festas organizadas por numerosas Câmaras Municipais, com relevância para as Festas da Cidade de Lisboa.”
Em 2007 é convidada para participar no filme de Carlos Saura, "Fados", reencontrando-se no ambiente "Casa de Fados", juntamente com Vicente da Câmara, Ana Sofia Varela, Carminho, Ricardo Ribeiro e Pedro Moutinho.

Fonte: Museu do Fado - Última actualização: Maio de 2008