terça-feira, 28 de abril de 2020
BIOGRAFIAS FADISTAS
LINHARES
BARBOSA
João
Linhares Barbosa nasceu a 15 de Julho de 1893 em Lisboa, no Bairro da Ajuda
onde sempre viveu.
Figura
incontornável do universo do Fado, a sua obra poética estima-se em mais de
3.000 versos A defesa do Fado que preconizou toda a vida - nomeadamente dos
seus ambientes e seus protagonistas - a par de um imenso talento poético
consagrá-lo-iam como o “Príncipe dos Poetas” vulto maior de entre os Poetas
Populares do Fado.
Autodidacta,
activo até 1965 - ano em que viria a falecer – João Linhares Barbosa viu os
seus primeiros versos publicados no jornal “A Voz do Operário” quando contava
apenas 14 anos de idade.
Mais
tarde, exerceria a profissão de torneiro mecânico até à fundação do seu próprio
jornal, “Guitarra de Portugal”, precisamente no dia em que completou 29
anos, no dia 15 de Julho de 1922. Este periódico viria rapidamente a assumir-se
como um dos mais emblemáticos títulos de uma imprensa especializada no fado que
vingou, a partir de 1910.
Nos
primeiros tempos de vida da Guitarra de Portugal, João Linhares Barbosa contou
com a colaboração dos amigos, também poetas populares, Domingos Serpa e Martinho
d' Assunção (pai). Foi nas páginas da “Guitarra de Portugal” que, ao
longo dos anos, João Linhares Barbosa defendeu o Fado, os poetas e os fadistas,
dos ataques de um grupo de detractores do Fado que teve em Luiz Moita, célebre
autor da obra “O Fado, Canção de Vencidos” um dos maiores expoentes.
Para
além de uma vastíssima obra poética, a João Linhares Barbosa se fica a dever
uma acção preponderante na reabilitação do Fado e na dignificação da carreira
dos fadistas.
Fonte:
Museu do Fado - Última Actualização: Setembro/2008
sábado, 25 de abril de 2020
BIOGRAFIAS FADISTAS
LENITA
GENTIL
Lenita
Gentil nasceu na Marinha Grande cidade onde viveu até aos seus 14 anos, altura
em que se muda para o Porto, por motivos familiares. È neste período que o
maestro Resende Dias, amigo do pai de Lenita, a ouve cantar, elogia a sua
afinação vocal e incentiva-a a cantar. Inscreve-a nos Serões para
Trabalhadores, transmitidos pelos Emissores do Norte Reunidos, e aos 17 anos
dá-se a sua estreia no Palácio de Cristal.
Após
esta estreia surgem os primeiros convites para a televisão, destacando-se a sua
estreia televisiva no programa "Riso e Ritmo" (1964), de Francisco
Nicholson e Armando Cortês, e "a partir daí foi um nunca mais parar, com
programas de televisão, discos, festivais da canção, tanto cá como fora”,
afirmou a cantora.
Lenita
Gentil participa no Festival da Canção da Figueira da Foz (1967), e vence o
Festival da Canção da Costa Verde, em Espinho (1968). Nesse mesmo ano recebe o
Prémio de Música Ligeira, categoria Cançonetista, atribuído pela Casa da
Imprensa. Participa também nos anos 1971 e 1989 no Festival da Canção da RTP.
Em
1966 e 1968 Lenita vence o Festival de Aranda del Duero (Espanha) e representa
Portugal noutros festivais internacionais realizados no México, Polónia,
Roménia, e nas Olimpíadas da Canção, realizadas na Grécia, onde recebe o prémio
da crítica, experiências que Lenita considera como muito estimulantes para o
seu percurso artístico. Paralelamente, teve duas significativas participações
noutros domínios, uma no cinema, no filme "Os toiros de Mary Foster"
(1972), realizado por Henrique Campos, e outra no teatro de revista "Em
águas de bacalhau" (1977).
A
versatilidade de Lenita é uma das características que marcam a sua carreira e
que passa não só pelo Fado, como também pela música ligeira e marchas
populares, "fui das primeiras cantoras de música ligeira a dedicar-me ao
Fado, com o primeiro LP em vinil, gravado há mais de 28 anos, sendo a primeira
cantora de música ligeira a cantar e a gravar Fado". Apaixonada pelo som
fascinante da guitarra portuguesa, a par da admiração por Amália Rodrigues,
Lenita Gentil rende-se ao Fado e a convite de Simone de Oliveira actua no
restaurante gerido pela cantora, e onde Lenita partilha o elenco com nomes como
Vasco Rafael e Artur Garcia. Pouco tempo depois, e apesar de não se identificar
com o ambiente das casas típicas de Fado, aceita o convite para actuar durante
um mês no elenco do "Fado Menor", propriedade de Tony de Matos.
Naturalmente,
Lenita acabou por ficar mais tempo do que o previsto e graças a uma ascendente
projecção, é convidada para actuar no restaurante típico "O Faia",
onde ainda hoje se mantêm. Para a fadista esta passagem pelas casas de Fado são
"uma experiência muito enriquecedora de Fado, aprendi muito, é uma grande
escola, deu-me uma experiência de vida e artística...".
Lenita
Gentil percorreu praticamente toda a Europa inclusivé alguns países do Leste.
Viajou também à Austrália, Macau, Hong Kong, África do Sul, México, Estados
Unidos da América e Canadá.
O
seu enorme profissionalismo e entrega reflectem-se na selecção de repertório,
onde se destacam os poemas de Artur Ribeiro, Maria de Lurdes de Carvalho, Vasco
de Lima Couto e Frederico de Brito, entre outros. Manifestando o seu apreço,
Lenita é também uma das poucas vozes femininas na interpretação do Fado de
Coimbra que considera: "muito rico, com melodia, nostálgico, uma coisa que
entra e que se sente, acho o Fado de Coimbra muito bonito".
Em
2005 a editora Ovação lança o CD "Outro lado do Fado", laureado com o
Prémio Amália Rodrigues para Melhor Álbum de Fado e que inclui temas inéditos e
outros criados por Amália Rodrigues.
Para
além dos inúmeros espectáculos e digressões, com particular incidência nas
comunidades de emigrantes, podemos encontrar Lenita Gentil no restaurante "O
Faia", onde continua a encantar todos os que lá se dirigem para ouvir e
apreciar Fado.
Fonte:
Museu do Fado - Última actualização: Novembro/2007
terça-feira, 21 de abril de 2020
BIOGRAFIAS FADISTAS
JÚLIO PROENÇA
Filho de Amélia da Conceição Proença, Júlio Proença nasceu em Lisboa, no
bairro da Mouraria, no dia 25 de Outubro de 1901. Desde cedo Júlio Proença
sentiu o apelo fadista, aprendendo a cantar com a sua mãe.
Sobrinho do cantador António Lado, começou aos 16 anos (1917) a cantar o
fado como amador e, até à sua profissionalização em 1929, na opereta
"Mouraria"- que se estreou no Coliseu dos Recreios, cantou em
inúmeras festas de beneficência, nas esperas de touros, e outros espaços.
Júlio Proença exerceu sempre a profissão de estofador-decorador numa das
mais importantes casas do ramo sita na cidade de Lisboa.
Ao longo da sua actividade artística, Júlio Proença passou pelo “Salão
Artístico de Fados” e pelos retiros: “Charquinho”, “Ferro de Engomar”, “Caliça”
e “Pedralvas”, entre outros.
Na década de 20 fez parte da primeira digressão artística de artistas de
Fado que percorreu algumas terras do país e de que faziam parte os colegas
Maria do Carmo, Joaquim Campos, Alberto Costa, Raul Ceia, os guitarristas
Armando Freire "Armandinho", Herculano Rodrigues e o violista Abel
Negrão.
Júlio Proença passou também pelos teatros: “Apolo”, “Trindade”, “Avenida”,
“Maria Vitória”, “Joaquim de Almeida”, “Éden-Teatro”, “São Luís”, “Variedades”
e “Capitólio” e nos clubes “Ritz”, “Monumental”, “Olímpia” e “Maxim's”,
evidenciando, em inúmeros espectáculos, o seu enorme talento.
Posteriormente, cantou no “Retiro da Severa”, no “Solar da Alegria” (que
dirigiu em conjunto come Deonilde Gouveia em 1931) e cafés “Gimnásio”,
“Mondego” e “Luso”.
Júlio Proença foi um dos primeiros cantadores a cantar nas emissoras C.T.1
A.A, Rádio Luso, Rádio Peninsular e Rádio Condes.
Destacamos as gravações: “Mentindo Sempre”, “Olhos Fatais”, “Como Nasceu o
Fado”, “Mentindo”, “Três Beijos”, “Meu Sentir”, “Meu Sonho”, “Minha Terra” (de
cuja música é autor), bem como das músicas dos fados “Verbena”, “Lélé”,
“Arlete”, “Fado Proença”, “Modesto” e “Fado Moral”. Regista-se também a
gravação em dueto com Joaquim Campos dos discos “Dueto sobre o Fado” e
“Romance”.
Participou numa audição de fados no Forte de Monsanto, no dia de Novembro
de 1934, «1ª festa que da grande série que este jornal está empenhado em
realizar em estabelecimentos prisionais e hospitalares», conjuntamente com
Maria Carmen, Rosa Maria, Joaquim Campos, Joaquim Seabra, Júlio Correia e
António Sobral (cf. Guitarra de Portugal de 14 de Novembro de 1934)
"Júlio Proença (juntamente com Ercília Costa e Márcia Condessa) tomou
parte no espectáculo da "Mãe de Portugal" que se realizou no Coliseu
do Porto, sob o alto patrocínio de Madame Carmona." (cf. Canção do Sul de
16 Setembro de 1944)
Em 1946 partiu para Moçambique onde fixou residência e onde viria a
falecer, em Setembro de 1970. (Observações: Em 21-05-1946, aquando da sua ida
para África, foi homenageado numa festa realizada na Sala Júlia Mendes no
Parque Mayer.)
Fonte: Museu do Fado - Última actualização: Maio de
2008
sábado, 18 de abril de 2020
BIOGRAFIAS FADISTAS
JÚLIO
PERES
Júlio
Peres nasceu em Alcântara em 1909. Órfão de mãe, viveu a sua infância junto do
avô e da irmã. Em criança, revela todo o seu potencial talento, e com apenas 11
anos começa a cantar. Aos 15 anos, Júlio Peres toma parte em serenatas em
Lisboa, profissionalizando-se aos 18 anos quando começa a actuar nas casas de
fado.
A
par da sua actividade artística, Júlio Peres foi também gerente do “Café Luso”.
No
livro “Histórias do Fado” escreve-se: “Entre os seus companheiros habituais
contavam-se Gabino Ferreira, Frutuoso França, José Coelho, Júlio Vieitas e
Manuel Calixto, com quem participou em muitas cegadas”.
Dotado
de uma excelente voz, Júlio Peres foi também um exímio dançarino, facto que o
levou a ganhar vários prémios.
Do
seu repertório destaque para os temas “Velho Tinteiro”, “Como a Vida Passa” e
“Ó Minha Mãe Minha Amada”.
"Actuou
na Festa de Inauguração da Cervejaria Monumental, no dia 19 de Julho de 1945,
conjuntamente com Isabel de Oliveira, Fernanda Baptista, Moisés Campelos, Berta
Cardoso, a cantadeira cigana Maria Helena Maia e Ivete Pessoa (que se estreou
com êxito)" (cf. Guitarra de Portugal de 22 Julho 1945) . Faleceu em 1995.
Fonte: Museu do Fado - Última actualização: Julho de 2008
terça-feira, 14 de abril de 2020
BIOGRAFIAS FADISTAS
José
Nunes Alves da Costa, José Nunes, nasce no Porto, em Paranhos, a 28 de Dezembro
de 1916. Cedo perde o pai, oficial do exército e regente da banda do extinto
Regimento de Infantaria 18. Aos 5 anos, José Nunes começa a aprender a dedilhar
na guitarra o Fado Menor e aos 8 anos vem para Lisboa, ingressando o Instituto
dos Pupilos do Exército, onde permanece até aos 16, e conclui o curso de
Electrotecnia, ao mesmo tempo que, por iniciativa própria, aprende a tocar
guitarra. Frequenta então uma casa de lotarias e taberna que ficava na Rua dos
Cavaleiros, pertencente a Costa Delgado (antigo agente da Polícia de
Investigação Criminal), que tinha uma guitarra e uma viola e um compartimento
próprio para receber a "malta" amante do fado, que ali se reunia
todas as tardes.
Com
14 anos tocou no “Café Ginásio”, no “Café Luso” (Av. Liberdade) e no “Café
Mondego”. Foi neste último que viria a estrear-se como profissional (1936)
acompanhado à viola por Alfredo Mendes. Manteve-se nesta casa até 1945, na fase
em que passou a chamar-se “Retiro do Marialva”.
Em
1935 José Nunes integra a formação da Orquestra Aldrabófona, de música popular
portuguesa. Colaborou no “Solar da Alegria”, sob a direcção artística de Júlio
Proença, no período em que ali se realizaram as célebres noites de "Fado
Antigo", formando um conjunto de guitarras e violas composto por Casimiro
Ramos, Alfredo Mendes e Pais da Silva. Manteve-se ainda, durante 7 anos, no
“Café Luso” (Travessa da Queimada).
Entretanto
emprega-se nas Companhias Reunidas de Gás e Electricidade, onde veio a exercer
o cargo de adjunto do chefe da rede geral de gás. Funcionário consciencioso,
sempre conseguiu conciliar a actividade artística com os seus deveres
profissionais, revelando nas suas atitudes uma verticalidade que levava a que
alguns o considerassem um homem de feitio difícil. Apesar disso conseguiu
reunir muitos amigos ao longo da vida.
Revelando
uma extraordinária técnica, José Nunes actuou em directo nos primeiros
programas radiofónicos de fado em 1935/36, na Rádio Graça e em 1936/37 na Rádio
Luso e, durante 30 anos, manteve na Emissora Nacional um programa que viria a
estimular a vocação de uma nova geração de futuros guitarristas.
José
Nunes foi também o primeiro guitarrista a actuar na Radiotelevisão Portuguesa
ainda no período experimental com início em 1956. A partir de então seguiram-se
outras actuações nos programas «O fado do português» (1972) e «Fado vadio»
(1979).
No
cinema teve também uma intervenção acompanhando as vozes de Paquita Rico e de
Carlos Ramos no filme «Lavadeiras de Portugal» (1956).
A
par do seu talento, revelado acima de tudo no percurso das casas de fado e no
acompanhamento de vozes, José Nunes participou em festas particulares e
espectáculos públicos em Lisboa e todo o país, integrando designadamente os
elencos artísticos dos programas para os «Soldados de Portugal» (1948/1951),
dos «Serões para trabalhadores», em que colaborou durante 11 anos, e dos
programas de fados da «Robbialac», em que com o violista Miguel Ramos
acompanhou Maria Pereira.
Acompanhou
vozes como: Beatriz da Conceição, Deolinda Rodrigues, Fernanda Peres, Júlia
Barroso, Julieta Brigue, Maria Albertina, Maria de Fátima Bravo, Natalina
Bizarro, Virgínia Soller, Alfredo Marceneiro, Américo Lima, Carlos do Carmo,
Fernando Farinha, Carlos Zel, João Ferreira Rosa e Vicente da Câmara, entre
muitos outros. Na década de 60 acompanhou Amália Rodrigues em inúmeros
espectáculos em Portugal e no estrangeiro, "desistindo de o fazer devido à
sua fobia de andar de avião".
Emparceirou
com grandes violistas, como Alfredo Mendes (com quem se estreou), Castro Mota,
Domingos Silva, Agostinho Dias, Francisco Perez Andion (Paquito), Humberto de
Andrade, Joel Pina, José Inácio, José Maria Nóbrega, Júlio Gomes, Martinho
D´Assunção, Pais da Silva, entre outros.
Gravou
mais de meia centena de discos "todas elas com a marca da sensibilidade,
da maviosidade, da pessoalíssima, requintada e primorosa execução que
caracterizaram as suas interpretações", no dizer de Eduardo Sucena.
São
composições originais suas: "Ana Cristina", "A Ti Manuel dos
Santos" (fado com letra de Lavadinho Mourato, criação de Julieta Brigue),
"Caixa de Música", "Caixinha de Música", "Chula de
Sabrosa", "Divagações no Fado Mayer", "Fado Bolero",
"Fado Micas", "Fado Pedro", "Fado Pereiró",
"Fado Quina", "Valsa Fantasia", "Valsa Filipa",
"Variações no Fado Ana Maria", "Variações no Fado João de
Deus", "Variações no Fado Lopes", "Variações no Fado
Paloma", "Variações Nostálgicas", "Variações Num
Comboio", "Variações em Lá Menor" (1 e 2), "Variações em Lá
Maior" e "Vira de Frielas".
Foi
homenageado, pelos seus muitos amigos, em 3 de Maio de 1964, na Tertúlia da
Festa Brava. No mesmo local foi sentidamente evocado a 19 de Maio de 1979, com
o descerramento do seu retrato, "em reconhecimento pela forma generosa
como durante anos dera colaboração aos convívios daquela casa"
Faleceu
a 23 de Fevereiro de 1979, no Hospital de Santa Maria, vítima de um acidente
vascular cerebral.
José
Nunes é hoje considerado um dos mais criativos e influentes guitarristas,
referência para outros instrumentistas como Fontes Rocha, António Chaínho,
Carlos Gonçalves, José Luís Nobre Costa. António Parreira, José Pracana,
António Luís Gomes, Alcino Frazão e Sebastião Gomes Pinto (Pinto Varela),
alguns dos quais viriam depois a adoptar o seu próprio estilo.
Fonte:
Museu do Fado - Última actualização: Maio de 2008.
sábado, 11 de abril de 2020
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