segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

TODOS OS FADISTAS DO NORTE




TRIBUTO AOS AUTORES DO NORTE





BIOGRAFIAS FADISTAS








ADA DE CASTRO

Ada Antunes Pereira nasceu na freguesia do Castelo, em Lisboa. Adoptou o nome artístico de Ada de Castro, sinónimo do seu bairro de berço.
Evidenciando desde cedo a sua natureza artística, Ada de Castro fez parte do Grupo da Juventude Operária Católica, um grupo de teatro amador, onde subia a palco para apresentar os números mais famosos de Hermínia Silva, fadista que a “inspirou para o fado” (entrevista de 9 / 9 / 2006). Foi numa das apresentações destas revistas, no final de 1959, que surgiu a oportunidade e o convite da locutora Julieta Fernandes para actuar num programa da Rádio Graça e, de seguida, na casa Nau Catrineta, para obtenção da, então obrigatória, carteira profissional.
Estreou-se como fadista profissional no restaurante Faia, a 13 de Março de 1960, contrariando a família mas com grande apoio de figuras emblemáticas do universo fadista. Hermínia Silva e Maria José da Guia, em diferentes ocasiões, colocaram sobre os seus ombros o simbólico xaile.
Ciente da necessidade de ter agora o seu próprio repertório, Ada conta que foi Alfredo Marceneiro, “o Ti Alfredo, foi ele que me deu a primeira letra e me ensinou a cantar o meu primeiro fado castiço, o Fado Tango” (entrevista de 9 / 9 / 2006). A partir dessa altura iniciou a selecção do seu repertório e gravou, ao longo da sua carreira mais de 560 temas, entre fados e marchas.
Ada de Castro não actuou em muitas casas de Fado, depois de cerca de ano e meio no Faia fez uma breve passagem pela casa de Carlos Ramos, A Toca, e, em substituição da fadista Fernanda Peres, estabeleceu-se no restaurante Folclore ao longo de 12 anos, entre 1961 e 1973. Posteriormente fez também parte do elenco do Sr. Vinho durante 12 anos.
Numa breve passagem pelos palcos do teatro de revista, a convite de Milton e de Eduardo Damas, estreou-se no Teatro Maria Vitória, na peça "Tudo à Mostra" (1966), onde cantou o tema "Na Hora da Despedida". Também marcou presença numa produção francesa, de título “As 13 Luas de Mel”, filmada no Palácio da Pena, em Sintra, onde cantava vestida de Severa.
A carreira da fadista ganhou grande impulso quando prestou provas na Emissora Nacional e foi convidada a integrar programas de cabine, onde as actuações eram gravadas previamente e, posteriormente, os “Serões para Trabalhadores”, gravados em directo e transmitidos para todo o país.
O seu primeiro disco foi gravado precisamente na Emissora Nacional, em 1961.Depois gravou para a Alvorada, durante cerca de 6/7 anos, para a Valentim de Carvalho, Philips, Estúdio, Movieplay e Ovação. Ada de Castro gravou, ainda, um disco na Holanda, editado pela Polydor naquele país.
Na sua discografia, incluem-se cerca 25 LP's, 80 singles e EP's, edições e reedições em formato CD e participações em várias colectâneas. Dos seus inúmeros sucessos destacam-se temas como "Rosa Caída", "Cigano", "Gosto de tudo o que é teu" ou "Deste-me um cravo encarnado". Ada de Castro foi também uma das mais carismáticas madrinhas das Marchas Populares dos principais bairros de Lisboa e, naturalmente, no seu repertório encontram-se interpretações de temas das Marchas Populares.
Ao longo das décadas de 1960, 70 e 80, para além de ser presença nos elencos das casas de Fado de Lisboa, Ada de Castro conciliou essas actuações com outras apresentações, nomeadamente no Mercado da Primavera (depois chamado Mercado 25 de Abril), onde actuava num restaurante e num barco; ou noutros restaurantes, como a Varanda do Chanceler e a Varandinha; chegando a cantar 4 ou 5 vezes numa noite. Nos meses de Abril a Setembro a fadista integrava, ainda, a programação “Alfama à Noite”, organizada pelo SNI, onde cantava dois fados na escadaria da Igreja de Santo Estêvão e depois fazia nova actuação no coreto do Largo da Palmeira. Fez estas actuações durante 5 anos.
Apresentou-se com regularidade em programas televisivos, nos casinos e salas de espectáculos espalhadas pelo país e ilhas, internacionalmente realizou inúmeras deslocações em representação de Portugal, através do SNI (Secretariado de Informação Nacional), bem como actuações junto das diversas comunidades portuguesas. Acrescente-se que a fadista cantou em espectáculos ao vivo e programas de televisão, em países como: Espanha, Austrália, Dinamarca, Suécia, Bélgica, Holanda, Japão, China, França, Itália, Argentina, Uruguai, Estados Unidos, Canadá e toda a antiga África portuguesa. De salientar que no Mónaco fez uma actuação para a família do príncipe Rainier nos jardins do Palácio Grimaldi; em 1968, fez uma tournée de mais de 5 meses por todos os Estados brasileiros, a convite do governo daquele país; em 1977 foi seleccionada pela editora Melodia/Alvorada, para representar Portugal num espectáculo mundial de celebração do centenário da Gravação Sonora e, em 1990, realizou uma digressão a Macau e Hong Kong.
Congratula-se por ter conhecido, convivido e cantado com os melhores fadistas, das chamadas décadas áureas do Fado, época de "grandes fadistas e excelentes repertórios" (entrevista de 9 de Setembro de 2006). Ada de Castro menciona Amália Rodrigues, Alfredo Marceneiro, Manuel de Almeida, Tristão da Silva, Fernanda Maria, Maria José da Guia, sem esquecer aquela que denomina sua fonte de inspiração: Hermínia Silva. Também o acompanhamento é digno de nota, uma vez que foi acompanhada por nomes conceituados como António Chainho, José Maria Nóbrega, José Fontes Rocha ou Pedro Caldeira Cabral.
Para Ada de Castro “O fado não é aquilo que se canta, o fado está na garganta de quem o canta” e, definitivamente Ada de Castro é uma destacada fadista, com uma forma característica e individualizada de interpretação que resultou na atribuição de inúmeros prémios e troféus, demonstrativos tanto da sua qualidade artística como da sua enorme popularidade.
Salientamos, neste âmbito:
- Disco de Bronze e 2 Elefantes de ouro (prémios do Rádio Clube Português – programa Talismã), logo em 1961;
- “Óscar Melhor Fadista da Quinzena", atribuído em 1962, por votação do público para o programa da RTP “Eleitos da Quinzena”;
- Microfone de Prata e Placa de Prata, atribuídos em 1963 pelo: Rádio Clube Português para os discos mais votados pelos ouvintes;
- Galardão Penco/Record, dos Estados Unidos da América, que recebeu nos anos de 1964, 1970 e 1982;
- "Óscar para Melhor Fadista do ano", atribuído pela Casa da Imprensa e Microfone de ouro, atribuído pelo: Rádio Clube Português, em 1966/67;
- Galardão Prémio Rádio Toronto, em 1973/74;
- "Melhor Fadista do Ano", atribuído em 1982, pela Revista Nova Gente;
- Prémio “Melhor Fadista Portuguesa” atribuído na Holanda, em 1987;
- Prémio “Carreira”, atribuído pela Fundação Amália em 2010;
- Medalha da Cidade de Lisboa, Grau ouro, em 2013.

Fonte: Museu do Fado - Última actualização: Janeiro/2016