MARIA
TERESA DE NORONHA
Maria
Teresa do Carmo de Noronha de Guimarães Serôdio nasceu em Lisboa, na freguesia
de S. Sebastião da Pedreira, a 17 de setembro de 1918. Filha de Dom António
Maria Sales do Carmo de Noronha e de Dona Maria Carlota Appleton de Noronha
Cordeiro Feio, Maria Teresa de Noronha descendia dos condes de Paraty.
Fidalga
por nascimento viria a tornar-se Condessa de Sabrosa a 17 de Dezmebro de 1947,
pelo casamento com o terceiro conde desse título, Dom José António Barbosa de
Guimarães Serôdio, guitarrista amador e compositor.
Ainda
muito nova começou a cantar em festas de família e de amigos. Maria Teresa de
Noronha aliava às características particulares do timbre da sua voz uma
educação musical de piano e canto, fazendo parte do coro do maestro Ivo Cruz, e
um estatuto social que lhe permitiu ter um percurso de carreira fora do
circuito das casas de fado, essencialmente centrado nas suas interpretações ao
vivo na rádio.
Ensaiada
pelo guitarrista Fernando Freitas e pelo violista Abel Negrão iniciou na
Emissora Nacional um programa quinzenal, em 1938, apresentado por Dom João da
Câmara, composto por quatro fados e uma guitarrada que se manteve em emissão
durante vinte e três anos consecutivos, até ao dia em que a fadista decidiu
retirar-se da vida artística, em 1962.
É
no contexto deste programa de rádio que Maria Teresa de Noronha atinge uma
popularidade crescente, tornando-se numa figura emblemática de um género a que
se convencionou chamar “Fado Aristocrático”. Com o seu timbre peculiar ousou
cantar temas do fado de Coimbra numa altura em que este estava reservado às
vozes masculinas.
Foram
vários os instrumentistas que a acompanharam nos seus programas, porque Maria
Teresa de Noronha era muito rigorosa e exigia muita qualidade e profissionalismo.
Por exemplo com o guitarrista Raúl Nery colaborou ao longo de vinte anos,
chegando mesmo a fazer com ele uma deslocação a Espanha em 1946.
Foram
poucos os espectáculos e digressões em que Maria Teresa de Noronha participou.
De entre as actuações no estrangeiro são de referir as que efectuou, em Junho
de 1946, no Festival da Feira do Livro de Barcelona e em Madrid, a convite do
Governo espanhol. Ainda nessa mesma década de 1940 viajou até ao Brasil, por
ocasião da voo de inauguração entre Lisboa e o Rio de Janeiro.
Duas
décadas mais tarde, a fadista apresentou-se em actuações no Principado do
Mónaco, para a família real e, em 1964, já depois de ter abandonado a
actividade artística, deslocou-se a Londres para cantar na Embaixada e na Casa
de Portugal, bem como na BBC (rádio e televisão), acompanhada pelo conjunto de
guitarras de Raúl Nery.
Maria
Teresa de Noronha apresentou-se algumas vezes em programas da RTP, dois desses
programas, um de 1959 e outro de 1968, foram editados, pela Videofono, numa
cassete video sob o título “Recordando Maria Teresa de Noronha” que constitui
um documento extremamente importante sobre uma das fadistas mais importantes de
todo o século XX português.
O
primeiro disco da sua carreira, com o tema “O Fado dos Cinco Estilos” foi
gravado em 1939, na antiga Emissora Nacional, seguindo-se mais alguns
exemplares em formato 78 RPM. A fadista continuará a gravar com alguma
regularidade, editando o seu último LP em 1972.
Maria
Teresa de Noronha baseou o seu repertório nos fados castiços que mais
apreciava, em detrimento do fado canção, interpretando poemas muitas vezes
recolhidos no seu universo familiar, como é o caso dos temas “Fado das Horas”,
“Sete Letras” e “Fado de Rio Maior”, todos de autoria de D. António de
Bragança.
A
fadista tornou também grandes êxitos junto do público o “Fado da Verdade”, o
“Fado Hilário” e o “Fado Anadia”, que na sua voz e dicção perfeita ganhavam uma
qualidade de interpretação que rivalizava com os temas mais populares do seu
repertório, caso de “Minhas Penas” ou “Pintadinho”, entre outros.
Em
1974 no Picadeiro, em Cascais, onde fora ouvir Manuel de Almeida, este
pediu-lhe que cantasse e, pela última vez, a sua voz foi ouvida num espectáculo
público.
Depois
dessa data, só os mais íntimos, em privado, a ouviram. Maria Teresa de Noronha
faleceu na sua casa, em Sintra, no dia 5 de Julho de 1993, vítima de doença
prolongada.
Fonte:
Museu do Fado - Última actualização: Abril/2008
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