terça-feira, 28 de janeiro de 2020
BIOGRAFIAS FADISTAS
BEATRIZ
DA CONCEIÇÃO
Beatriz
da Conceição Mendes Lage nasceu no Porto a 21 de Agosto de 1939, cidade onde
viveu até ao dia que um passeio a Lisboa a fez abraçar a carreira de fadista. À
volta do ano de 1960, Beatriz da Conceição visitou a capital com um grupo de
amigos e foi à casa de fados Márcia Condessa onde acabou por ser convidada a
cantar. Após a sua interpretação a própria Márcia Condessa contratou-a para
integrar o elenco. Beatriz da Conceição estabeleceu-se em Lisboa como fadista
e, passado um ano, tirou a carteira profissional.
Ao
longo da sua carreira passou por muitas das casas de fado mais importantes de
Lisboa, como A Viela, a Adega Machado, a Nonó, Os Ferreiras, a Taverna do
Embuçado e, actualmente, o Senhor Vinho.
Em
1965 grava o seu primeiro disco para a etiqueta RCA. Um EP de título “Fui por Alfama”,
onde Beatriz da Conceição interpreta, para além do tema título, um poema de
Guilherme Pereira da Rosa com música de Francisco Carvalhinho, “Eu sou do
fado”, letra de Lopes Victor para música de Francisco Carvalhinho, “Fado do
adeus”, poema de Nelson de Barros e música de Frederico Valério, e “Agora choro
à vontade”, com música de Eugénio Pepe e letra de Guilherme Pereira da Rosa.
Curioso
é o texto da contracapa deste disco, onde a editora apresenta a seguinte
descrição: “Jovem, turbulenta e irreverente, Beatriz da Conceição é como que
uma rajada de ar fresco no meio fadista nacional. Pertencendo à chamada Nova
Vaga do Fado ela interpreta com igual valor tanto o género alegre como o triste
e dramático. Duma flexibilidade sem limites é, contudo, nas interpretações
dramáticas que melhor podemos apreciar a «garra» e o «sentimento» que ela
empresta a cada fado que canta.”
Se
nos dias que correm Beatriz da Conceição, já com mais de 40 anos de carreira,
passou a fazer parte dos grandes valores consagrados do universo fadista, o seu
perfil continua a registar as mesmas características de irreverência, de
exaltação de garra e sentimento nos fados que interpreta, que marcaram todo o
seu percurso como fadista. “Beatriz canta sempre de cabeça levantada numa atitude
afirmativa, forte e quase sanguinária” (…) “Perder um espectáculo de Beatriz da
Conceição é desmarcar um encontro com as grandes emoções humanas.” (cf. “Um
Porto de Fado”: 55).
Beatriz
da Conceição começou a trabalhar em teatro em 1966, destacando-se nos palcos
com a interpretação de temas como: “Fado para esta noite” (Francisco Ferrer
Trindade – Rogério Manuel Tavares Bracinha – César Augusto Gonçalves de
Oliveira), ou “John Português” (João de Vasconcelos – César Augusto Gonçalves
de Oliveira), onde a fadista fazia o papel de um marinheiro, neto de emigrante,
para uma revista do Teatro ABC, no Parque Mayer.
Como
todos os grandes fadistas, obstinou-se em ter um repertório próprio, chegando
mesmo, no início da sua carreira a comprar letras de Fado de que gostava. Ao
ouvir Beatriz da Conceição podemos contar com letras de grandes poetas, casos
de: Domingos Gonçalves Costa, João Dias, João Linhares Barbosa, César d'
Oliveira, Ary dos Santos ou Vasco de Lima Couto.
José
Carlos Ary dos Santos e Fernando Tordo criaram o fado “Meu Corpo”, que muitos
conhecem como o "Fado da Bia", diminutivo familiar da artista. Este
fado foi criado de um dia para o outro em virtude de Beatriz da Conceição ir
substituir Tonicha na revista “Uma no Cravo, Outra na Ditadura”, e ser necessário
ter um original para interpretar.
A
grande referência fadista para Beatriz da Conceição é Lucília do Carmo: “ a
musa da minha inspiração, e por quem eu morria de ouvir cantar” (cf. Baptista
Bastos: 85). Ainda assim, também considera no grupo de eleição as fadistas
Argentina Santos e Fernanda Maria. Para o fado no masculino enumera, como seus
preferidos, Alfredo Marceneiro, Carlos Ramos, Tony de Matos, Max, Manuel de
Almeida e Tristão da Silva.
Na
década de 1990 Beatriz da Conceição participou nos programas de televisão,
criados por Filipe la Féria: a "Grande Noite" (1990) e o
"Cabaret" (1994).
Em
1996, Beatriz da Conceição e António Rocha foram convidados a integrar uma
experiência única, o projecto “Tears of Lisbon”, dirigido pelo maestro Paul van
Nevel e o Huelgas Ensemble, com uma recolha de temas de Fado e de música
portuguesa do séc. XVI. Neste âmbito são realizados diversos espectáculos por
todo o Benelux e, patrocinado pelo “Festival Van Vlaanderen International”, é
gravado um CD ao vivo, no Refectory of the Bijloke Abbey, em Ghent na Bélgica.
Neste disco Beatriz da Conceição interpreta os temas: “Voltaste” (Joaquim
Pimentel), “Eu preciso de te ver” (Vasco de Lima Couto – Fontes Rocha), “Noite”
(Vasco de Lima Couto – Max), “Vesti a minha saudade” (Francisco Viana – António
Campos) e “Meu corpo” (Ary dos Santos – Fernando Tordo).
Sobre
Beatriz da Conceição diz Paul van Nevel que a fadista se exprime com uma força
contida, que a sua interpretação é de uma tal tristeza emotiva, que consegue
imprimir poesia mesmo aos silêncios entre as palavras e versos (cf. “Les Larmes
de Lisbonne”).
Das
edições discográficas mais recentes destacamos: “Sou um Fado desta idade”
(1996), da Emi-Valentim de Carvalho, “Beatriz da Conceição” (1997), edição “O
Melhor dos Melhores”, da Movieplay, e, ainda, “O Melhor de Beatriz da
Conceição”, editado pela Iplay em 2008. A fadista, como grande referência do
Fado integra inúmeras colectâneas, a título de exemplo referimos: “Fado
Capital”, editada pela Ovação em 1994, “Parque Mayer”, editada pela Valentim de
Carvalho em 2003 e “Mulheres Fadistas”, CNM, 1998.
Muitos
são os espectáculos que tem feito no estrangeiro, seja para cantar em
comunidades portuguesas, nos Estados Unidos da América e Canadá, ou em
festivais internacionais de música, para um público mais cosmopolita. A 1 de
Novembro de 2007, no âmbito do “Festival Atlantic Waves”, Beatriz da Conceição
esteve no Queen Elizabeth Hall, em Londres, partilhando o palco com as fadistas
Maria da Fé, Mafalda Arnauth, Aldina Duarte, Joana Amendoeira e Raquel Tavares,
num espectáculo intitulado “The Grand Divas of Fado”.
Beatriz
da Conceição é uma forte referência para os jovens fadistas. Aldina Duarte
revelou em diversas ocasiões que foi após ouvir Beatriz da Conceição cantar que
desejou ser fadista. Mafalda Arnauth homenageou a fadista interpretando o tema
de Max “Pomba branca, pomba branca”, no seu disco “Flor de Fado”. E Ana Moura
convidou Beatriz da Conceição para o palco do Coliseu dos Recreios, a 26 de
Junho de 2008, para interpretar o seu “clássico” “Meu Corpo”, um concerto que
foi posteriormente editado em DVD.
Nos
últimos anos, para além dos espaços das casas de fado (actualmente integra os
elencos do Senhor Vinho e do Café do Museu do Fado), tem feito diversos
espectáculos de que salientamos os seguintes: Casa da Música no Porto (2007),
“Festa do Fado”, Castelo de São Jorge, em Lisboa (2007), “Vozes do Fado”,
Auditório Municipal Ruy de Carvalho, em Carnaxide (2008), “Gala do Fado Carlos
Zel”, no Casino Estoril (2008).
Em
Maio de 2008 Beatriz da Conceição foi distinguida com o “Prémio Carreira” da
Fundação Amália Rodrigues, e nesse mesmo mês foi homenageada na sua cidade
natal, com o espectáculo “Alma Lusitana”, que teve lugar no Teatro Sá da
Bandeira.
Fonte: Museu do Fado - Última actualização: Março/2009
(Entretanto,
Beatriz da Conceição faleceu no dia 26 de Novembro de 2015)
sábado, 25 de janeiro de 2020
BIOGRAFIAS FADISTAS
ARGENTINA
SANTOS
Argentina
Santos cantou, essencialmente, no restaurante de que sempre foi proprietária, A
Parreirinha de Alfama. Para além do seu "cantinho", durante muitos
anos apenas aceitou, pontualmente, alguns convites que lhe foram dirigidos para
cantar em algumas festas de amigos ou pequenas comemorações.
A
fadista Argentina Santos, de nome completo Maria Argentina Pinto dos Santos,
nasceu na Mouraria, em Lisboa, a 6 de Fevereiro de 1924. Filha mais nova de 3
irmãos, iniciou a instrução primária, mas pela necessidade de trabalhar não
chegou a terminar. Já em idade adulta frequentou aulas para aprender a ler e
escrever.
Ainda
criança começou por fazer recados e compras para as senhoras do bairro e depois
foi trabalhar numa peixaria, onde se manteve até 1950, altura em que abriu com
o seu companheiro, a casa Parreirinha de Alfama, uma casa de pasto, rapidamente
transformada em Casa de Fado. Neste espaço mantém-se até hoje, acumulando a
gestão com a interpretação do Fado, actividade que iniciou passados 3 anos de
estar nessa casa. Argentina Santos é viúva e não tem filhos.
Mulher
corajosa e de muito trabalho dedicou-se à cozinha do espaço que abriu. Aí se
juntavam muitos fadistas para petiscar e cantar e, a pouco e pouco, criaram o
ambiente do restaurante que ainda hoje se mantém. Argentina Santos não pensava
em cantar, conforme conta em entrevista a Baptista-Bastos, quis o acaso que um
dia alguém da assistência lhe pedisse para cantar, e assim "entrou numa
desgarrada" por brincadeira. Atrás desse pedido outros vieram e o que
começou por um mero acaso, acabou por tornar-se um "caso sério" na
sua vida: para além de proprietária e cozinheira, passou a cantar para os seus
clientes sempre que estes lho pediam e, “valha a verdade”, nunca mais deixaram
de o fazer.
Por
isso mesmo, o grande público do seu país apenas a conheceu quando, pela mão do
seu grande amigo e admirador Carlos do Carmo é vista na televisão, nos
concertos por ele realizados no Coliseu dos Recreios (1994) e no Centro
Cultural de Belém (1998).
A
partir de 1994, pontificou ainda em inúmeros programas de televisão, sozinha ou
ao lado de Carlos do Carmo, Jorge Fernando, Carlos Zel e a convite de
entrevistadores como Júlio Isidro, Júlia Pinheiro ou João Baião.
Posteriormente
a essas actuações deslocou-se ao Brasil (a S. Luís do Maranhão, em 1995, a
convite de Pedro Caldeira Cabral, e a S. Paulo, em 1999 actuando na Casa de
Portugal, com Carlos do Carmo), à Grécia (com Carlos Zel), à Escócia (com
Carlos Zel, Rodrigo Félix e Pedro Caldeira Cabral), a França (com Jorge
Fernando), à Holanda (com Carlos Zel e Miguel Capucho) ao País de Gales (com
Jorge Fernando), a Londres (com Mafalda Arnauth, Carlos Zel e Rodrigo Félix) e
a Itália (com Carlos Zel).
A
sua Parreirinha de Alfama tem sido cenário de muitos afectos: por lá têm
passado grandes poetas do fado e compositores que lhe têm oferecido todo o
reportório que possui. E, consciente da importância de ter um repertório
próprio, Argentina Santos faz questão de cantar temas exclusivos, à excepção do
fado "A Lágrima", de Amália Rodrigues, e do "Lisboa Casta
Princesa", do repertório de Ercília Costa, mas popularizado por Lucília do
Carmo.
Temas
como "A Minha Pronúncia", o "Chafariz d' El Rei", “As Duas
Santas” e “Juras” são a sua imagem de marca, os quais foram registados nos seus
primeiros trabalhos discográficos, ainda em formato de 78 rpm, gravados para a
editora Estoril, logo no ano da sua estreia, em 1953.
Os
CDs "Argentina Santos", edição de 1998 da Movieplay, e
"Argentina Santos", colecção Antologia, editado pela CNM em 2004, são
os mais recentes trabalhos discográficos, duma produção discográfica que não se
tornou muito vasta fruto da sua personalidade tímida, mas também do facto do
seu companheiro não gostarem de a ver cantar em público nem apoiarem a sua
carreira como fadista.
Durante
muitos anos a fadista recusou a exposição pública e inúmeras deslocações,
participando em poucos espectáculos e cingindo-se às apresentações na sua Casa
de Fados e a uma ou outra festa particular. Ainda assim, ao longo de mais de 50
anos de carreira, a fadista cantou ao lado de quase todas as figuras relevantes
da interpretação do Fado, uma vez que a sua casa se tornou uma referência para
o público de Fado e por ela passaram e actuaram grandes nomes, como é o caso de
Berta Cardoso, Celeste Rodrigues, Lucília do Carmo, Alfredo Marceneiro, Maria
da Fé ou Fernanda Maria.
Em
1999, no dia 28 de Novembro, foi-lhe prestada uma festa de homenagem no Museu
do Fado, tendo tido a cantar para si amigos tão especiais como Rodrigo, Jorge
Fernando, Maria da Nazaré, Teresa Tapadas, e, como não podia deixar de ser,
Carlos do Carmo. Na altura foi-lhe entregue uma medalha de louvor pelo senhor
vereador da Reabilitação Urbana da Câmara Municipal de Lisboa, Engº António
Abreu.
No
ano seguinte, a 28 de Abril, foi-lhe prestada uma homenagem no Coliseu dos
Recreios em Lisboa, onde participaram inúmeros fadistas das várias gerações,
que lhe teceram elogiosos comentários, demonstrativos do grande respeito
inspirado pela fadista Argentina Santos aos seus colegas. Renderam-lhe
homenagem grandes vozes como Carlos do Carmo, Camané, Jorge Fernando, Maria da
Fé, Carlos Macedo, Rodrigo e Mafalda Arnauth.
Actualmente
canta na sua Casa de Fados e, para além dos seus concertos individuais,
participa no projecto de Ricardo Pais “Cabelo Branco é Saudade”. Este é um
espectáculo dirigido por Ricardo Pais e estreado no Teatro de São João, no
Porto, em Julho de 2005, onde participam, para além de Argentina Santos, os
fadistas Celeste Rodrigues, Alcindo de Carvalho e Ricardo Ribeiro. Com este
espectáculo tem, também, efectuado diversos espectáculos e inúmeras deslocações
nacionais e ao estrangeiro.
A
Fundação Amália Rodrigues, na sua primeira atribuição de prémios, em 2005,
distinguiu Argentina Santos com o prémio "Carreira".
Nesse
mesmo ano a sua casa, a Parreirinha de Alfama, foi também agraciada com o
troféu para Casas de Fado entregue no concurso Grande Noite do Fado.
Fonte:
Museu do Fado - Última actualização: Março/2009.
Entretanto,
Argentina Santos faleceu na Casa do Artista em 18 de Novembro de 2019 com 95 anos.
terça-feira, 21 de janeiro de 2020
BIOGRAFIAS FADISTAS
ANTÓNIO ROCHA
António Domingos Abreu Rocha nasceu em Belém, Lisboa, a 20 de Junho de
1938. Frequentou apenas a escola até completar a instrução primária, pela
necessidade de se empregar e assim ajudar nos rendimentos familiares.
Com apenas 13 anos, em 1951, ganhou um concurso de Fado organizado pelo
jornal Ecos de Portugal, mas como estava na idade da mudança de voz, só volta a
cantar passados alguns anos num restaurante da Cova da Piedade, o Riba-Mar.
Nesse restaurante é ouvido pelo Conde de Sobral que, entusiasmado com as suas
interpretações, o apresenta a Deolinda Rodrigues. A fadista apadrinha a
carreira de António Rocha, desafia-o a cantar em Lisboa, no Retiro Andaluz, e a
recepção que obtém não podia ser melhor. Faz a sua estreia profissional em
1956, como contratado deste espaço.
Apesar de nessa altura estar ainda empregado numa loja de ferragens, com os
êxitos que se vão somando, cedo acaba por optar pela carreira artística. No
mesmo ano em que se estreia profissionalmente faz programas de televisão, entra
para a Emissora Nacional e é convidado a gravar o seu primeiro EP, com 4
faixas, para a editora Fonomate.
Em 1959, num concurso levado a cabo pelo Café Luso, é eleito “Rei” do Fado
menor, uma das formas clássicas do Fado tradicional, que continua a interpretar
como ninguém.
António Rocha assume já nesta altura um papel de relevo no panorama da
música nacional, com uma popularidade plenamente demonstrada com a atribuição
do título de “Rei do Fado”, em 1967, numa votação realizada pelo público para a
revista “Plateia”.
Por esta ocasião o poeta Carlos Conde publica um poema sobre António Rocha,
elucidativo da sua popularidade por um lado e, por outro, das suas qualidades
de intérprete:
“Porque encanta quando canta, / O António Rocha parece
Que tem sempre na garganta / A ternura de uma prece!
Põe na voz tal melodia / E um sabor tão requintado
Que perfuma de magia / As próprias rimas do Fado!
Conseguiu ter um reinado, / Um trono alto, uma grei;
- O Rocha tem o seu Fado, / O Fado tem o seu Rei!”
Sucedem-se os contratos para se apresentar nas mais conceituadas casas de
Fado de Lisboa, os espectáculos por todo o país, actuando em restaurantes
típicos e casinos, bem como as deslocações ao estrangeiro, nomeadamente aos
Estados Unidos.
As apresentações em espectáculos para rádio e televisão são também uma
constante e António Rocha tem durante algum tempo o seu próprio programa
radiofónico, onde apresenta uma rubrica esclarecedora das questões dos ouvintes
sobre Fado.
Nas últimas décadas o fadista continua a brilhar nos elencos das Casas de
Fado de Lisboa, estando já há vários anos no Faia. Mas as suas apresentações
não se limitam ao território nacional, sendo diversas vezes convidado a
integrar festivais de música do mundo ou a realizar espectáculos em países como
os Estados Unidos, Itália, Espanha, França, Holanda e Bélgica.
Fadista consciente da importância de ter um repertório próprio, cedo
constituiu o seu repertório individual, sendo autor da maior parte dos poemas
que canta e ainda de algumas das músicas.
António Rocha actuou em quase todas as Casas de Fado de Lisboa, das quais
destacamos, pelo número de anos de permanência no elenco, o Solar da Hermínia,
o Timpanas e o Faia, onde faz parte do actual elenco. Em 1996, com Beatriz da
Conceição, foi convidado a integrar o projecto de Paul van Nevel e o Huelgas
Ensemble, “Tears of Lisbon”, que consistia numa recolha, realizada pelo
maestro, de fados e música portuguesa do século XVI. Para além dos inúmeros
espectáculos realizados foi, também, gravado um CD ao vivo, no Refectory of the
Bijloke Abbey, em Ghent na Bélgica. Neste disco António Rocha interpreta temas
com poemas da sua autoria, como “Luz de teu caminho”, com música de Paulo
Valentim, ou “Pede à noite”, com música de Manuel Mendes.
Os espectáculos de António Rocha estenderam-se a inúmeros Restaurantes
Típicos e Casinos do país, bem como a vários locais no estrangeiro.
Destacamos, nos anos mais recentes, a sua presença nos seguintes
espectáculos:
- Semana Portuguesa em Roma, em 1988;
- Noites Longas, realizadas no âmbito da Lisboa 94 – Capital Europeia da
Cultura;
- Holanda, a convite do maestro Paul Van Nevel, em 1994;
- Bégica, a convite do maestro Paul Van Nevel, em 1995;
- França, a convite do maestro Paul Van Nevel, em 1996;
- Festival de Música do Mundo, realizado em Barcelona no ano de 1997;
- Sete espectáculos realizados na EXPO’ 98;
- Festival de Música de Bruxelas, em 1998;
- Digressão por várias cidades da França e da Bélgica, em 1999;
- Encontros en la Musica, no Tenerife, em 2000;
- Festival des Bucoliques du Pays de Racan, em França, no ano de 2000;
- I e II Festival da Música e dos Portos, em Lisboa, nos anos de 2000 e
2001
- XXIII Festival Sabandeño, em 2001;
- Espectáculos no âmbito do Porto Capital da Cultura, 2001;
- Os Poetas Populares, CCB, Festas de Lisboa 2004.
O mais recente trabalho discográfico de António Rocha, “Silêncio, Ternura e
Fado”, foi editado pela Ovação em 2004. Das 12 faixas apresentadas, podem
escutar-se 11 poemas do fadista.
É sócio fundador da APAF (Associação Portuguesa dos Amigos do Fado).
Entre 2001 e 2004 foi professor do Gabinete de Ensaios para Intérpretes de
Fado, na Escola de Guitarra Portuguesa do Museu do Fado.
Fonte: Museu do Fado - Última actualização: Junho/2006
sábado, 18 de janeiro de 2020
BIOGRAFIAS FADISTAS
ALFREDO MARCENEIRO
Alfredo Rodrigo Duarte, que ficou conhecido por Alfredo Marceneiro,
dada a sua profissão, nasceu em Lisboa, no dia 29 de Fevereiro de 1888, embora
o seu bilhete de identidade referisse o seu nascimento a 25 de Fevereiro de
1891.
Filho de Gertrudes da Conceição e Rodrigo Duarte, Alfredo foi o primeiro
filho do casal, seguiram-se dois irmãos - Júlio e Álvaro - e uma irmã - Júlia.
Em 1905, quando tinha apenas 13 anos, o seu pai faleceu e Alfredo Duarte
abandonou os estudos para ir trabalhar e ajudar no sustento da família. O seu
primeiro emprego foi o de aprendiz de encadernador. Tomou contacto com o Fado
ao assistir às cegadas de rua. Conheceu então Júlio Janota que, para além de
participar nas cegadas, tinha o ofício de marceneiro e lhe arranjou lugar como
seu aprendiz numa oficina em Campo de Ourique.
Alfredo Duarte começou por cantar Fados nos bailes populares que
frequentava, entre os 14 e os 17 anos. É nesta altura, em 1908, que faz a sua
estreia na cegada do poeta Henrique Lageosa, inspirada no argumento do filme
mudo O Duque de Guise, onde interpreta o papel da amante do Duque.
Para além de participar nas cegadas, onde desenvolve o seu método de dizer
bem e dividir as orações, Alfredo Duarte começa a cantar em diversas festas de
solidariedade e nos retiros do Caliça, Bacalhau, José dos Pacatos, Cachamorra,
Baralisa e Romualdo, mas é no 14 do Largo do Rato que se torna mais conhecido.
É alcunhado de "Alfredo Lulu" por se vestir de forma elegante e
aprumada, mas será o apelido de "Marceneiro", que se eternizará,
cantado pelo próprio fadista no poema de Armando Neves, de que reproduzimos um
excerto:
"Orgulho-me de ser em toda a parte / Português e fadista verdadeiro,
Eu que me chamo Alfredo, mas Duarte / Sou para toda a gente o Marceneiro"
Esse nome artístico - "Alfredo Marceneiro" - surge numa festa de
homenagem aos cantadores Alfredo dos Santos Correeiro e José Bacalhau, como o
próprio fadista conta: "Uma noite fui convidado por amigos que já me
tinham ouvido cantar em paródias próprias da idade a ir ao Club Montanha (hoje
Ritz). Dirigia a festa o poeta Manuel Soares e perguntou: «Quem é este
rapazinho? Como se chama? Que ofício tem?» Então, quando me apresentou ao
público, esquecendo o meu apelido, anunciou: «Vai cantar a seguir o principiante
Alfredo... Alfredo... Olhem não me ocorre o apelido. É Alfredo...
Marceneiro...» E ainda hoje sou o Alfredo Marceneiro." (cf.”Guitarra de
Portugal”, 15 Julho de 1946).
Ao longo da sua vasta carreira, e apesar de manter a sua profissão de
marceneiro, Alfredo Duarte é contratado para exibições em casas como o Clube
Olímpia, onde esteve com Armandinho, Júlio Proença e Filipe Pinto, e depois em
outras casas típicas como a Boémia, na Travessa da Palha, o Ferro de Engomar, o
Castelo dos Mouros, o Solar da Alegria, ou o Júlio das Farturas, onde cantou
durante um ano.
No ano de 1924 participa num concurso de Fados do Sul-América, um espaço
situado na Rua da Palma, e onde ganhou a "Medalha de Ouro". Nesse
mesmo ano canta durante dois meses no Chiado Terrasse para animar as noites de
cinema e é presença na "Festa do Fado" organizada pelo jornal
"Guitarra de Portugal" no Teatro São Luiz.
A partir desta data a sua carreira prossegue com grande sucesso actuando em
casas como o Retiro da Severa, o Solar da Alegria ou o Café Mondego. Chega
mesmo a ter a sua própria casa, o Solar do Marceneiro, no final da década de
1940, mas sendo um espírito irrequieto não consegue cingir-se a cantar
diariamente nesse espaço.
Como exemplo dos momentos mais evidentes da admiração e fama que adquiriu
ao longo da sua longa carreira salientamos: a organização de uma festa
artística, em 1933 no Júlio das Farturas do Parque Mayer; em 1936, o segundo
lugar do título "Marialva", ganho num concurso do Retiro da Severa; a
10 de Maio de 1941, um outro espectáculo denominado "Festa Artística de
Alfredo Marceneiro", desta feita no Solar da Alegria; ou, ainda, a
consagração como "Rei do Fado", no Café Luso, a 3 de Janeiro de 1948.
Apesar do sucesso da sua carreira nunca saiu de Portugal para actuações e
raramente deixou Lisboa, embora na década de 1930 tivesse integrado alguns
espectáculos de grupos criados para efectuar tournées por Portugal, caso da
"Troupe Guitarra de Portugal", com Ercília Costa, Rosa Costa, Alberto
Costa, João Fernandes (guitarra) e Santos Moreira (viola); ou da "Troup
Artística de Fados Armandinho", com Armandinho, Georgino Gonçalves,
Cecília d’ Almeida, Filipe Pinto e José Porfírio.
Alfredo Marceneiro cantou também no Teatro, subindo ao palco do Coliseu dos
Recreios, em 1930, com a Opereta "História do Fado", onde actuavam
Beatriz Costa e Vasco Santana. As suas interpretações em palcos de teatros
incluíram também o São Luiz, o Avenida, o Apolo, o Éden - Teatro, o Capitólio,
o Politeama, o Maria Vitória, e outros.
Em 1939, com a conhecida cantadeira Berta Cardoso, grava actuações no
Teatro Variedades e no Retiro do Colete Encarnado, que serão apresentadas no
filme" Feitiço do Império", de António Lopes Ribeiro. O "Feitiço
do Império" estreia nas salas de cinema em 1940, e tem apresentações até
1952. O filme foi protagonizado por Luís de Campos e Isabela Tovar, Francisco
Ribeiro (Ribeirinho), António Silva e Madalena Sotto. Lamentavelmente, a
película existente na Cinemateca Portuguesa apresenta-se bastante deteriorada.
As gravações discográficas da sua obra não são muitas, uma vez que não
apreciava cantar senão nos locais que considerava próprios e com a presença do
público. Assim, apesar de ter gravado o seu primeiro disco, para a Casa
Cardoso, em 1930, com os temas "Remorso" e "Natal do
Criminoso", passou logo depois a ser artista privativo da Valentim de
Carvalho. Seguiram-se apenas quatro LP’s e três EP’s, o último, "Fabuloso
Marceneiro", gravado aos 70 anos.
O fadista também fez poucas aparições em programas de televisão. Em 1969,
uma equipa técnica constituída por Henrique Mendes e Carlos do Carmo, como
produtores, Luís Andrade, como realizador e José Maria Tudella, como operador
de imagem, tem de se deslocar ao Bairro Alto para acompanhar Alfredo Marceneiro
nas suas interpretações e poder assim realizar uma reportagem documental para a
RTP. Dez anos mais tarde, em 1979, será pela intervenção do seu neto Vítor
Duarte, que acederá a realizar um programa para a RTP, o qual foi exibido a 14
de Janeiro de 1980 e editado em DVD, pela Ovação, em 2007.
Apesar da sua fama e sucesso crescente mantém a profissão de marceneiro,
até à década de 1930 nas oficinas de Diamantino Tojal e, posteriormente, nas
Construções Navais do Arsenal do Alfeite, que depois passaram a ser administradas
pela C.U.F..
Só em 1946 se dedica exclusivamente ao Fado como profissional, conservando
no entanto em casa o banco de marceneiro e as ferramentas com que se entretinha
a fazer pequenos trabalhos, um dos quais "A Casa da Mariquinhas",
obra que merece especial relevo pelo cariz emblemático que assume para a
própria História do Fado de Lisboa. Trata-se de uma construção em madeira, na
escala de 1 por 10, em que, inspirado na letra de Silva Tavares,
construíu/reconstruíu a casa evocada na descrição do poeta. Esta peça está
actualmente na exposição permanente do Museu do Fado.
Alfredo Marceneiro considerava-se um estilista e nesta criação de estilos
acabou por ser autor de composições que são hoje consideradas Fados
tradicionais. A sua primeira composição foi a "Marcha do Alfredo
Marceneiro", mas seguiram-se muitas outras como: "Fado
Laranjeira", "Lembro-me de ti", "Fado Bailado",
"Fado Bailarico", "Fado Balada", "Fado Cabaré",
"Fado Cravo", "Fado CUF", "Fado Louco",
"Mocita dos Caracóis", "Fado Pagem", "Fado Pierrot",
"Bêbado Pintor" e "Fado Aida". Com a ajuda de Armando
Augusto Freire (Armandinho), que lhe passa para pauta as suas criações, o
fadista regista as suas músicas na Sociedade de Escritores e Autores Teatrais
Portugueses.
O fadista foi pai de cinco filhos. Os primeiros dois: Rodrigo Duarte e
Esmeraldo Duarte, resultaram de duas relações efémeras e os outros três:
Carlos, Alfredo e Aida são fruto da sua união com Judite de Sousa Figueiredo
com quem viveu até à data da sua morte, a 26 de Junho de 1982.
"Ti’ Alfredo" para os fadistas e amigos continua a ser
considerado um dos fadistas maiores, seguido como um modelo na forma de dividir
os versos cantados, não permitindo que as pausas musicais interrompam o sentido
das orações. A sua figura característica, sempre de boina e lenço de seda ao
pescoço, será recordada juntamente com o seu modo particular de interpretar,
com o balancear de ombros e tronco e as mãos nos bolsos.
Alfredo Marceneiro reforma-se em 1963, realizando-se a 25 de Maio desse
ano, no Teatro S. Luiz, a festa de título: A MADRUGADA DO FADO - Consagração e
despedida do Grande Artista Alfredo Duarte Marceneiro. Na verdade esta não foi
uma despedida, Alfredo Marceneiro continuou a cantar durante quase mais duas
décadas.
Em 23 de Junho de 1980, numa cerimónia realizada no Teatro São Luiz, é-lhe
entregue a "Medalha de Ouro de Mérito da Cidade de Lisboa", pelo
Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Eng.º Krus Abecassis.
Homenagens póstumas:
- "Comenda da Ordem do Infante D. Henrique", atribuída a 10 de
Junho de 1984 pelo Presidente da República General Ramalho Eanes;
- A Câmara Municipal de Lisboa dá o seu nome a uma rua do Bairro de Chelas;
- Em 1991 foi comemorado o centenário do nascimento do fadista e entre
outros eventos foi lançado o duplo álbum "O melhor de Alfredo
Marceneiro" (EMI-Valentim de Carvalho) e foi exibido na RTP o documentário
"Alfredo Marceneiro é só Fado".
Fonte: Museu do Fado - Última actualização: Novembro/2007
terça-feira, 14 de janeiro de 2020
BIOGRAFAS FADISTAS
ALCINDO
DE CARVALHO
Alcindo
Simões de Carvalho nasceu a 9 de Janeiro de 1932, em Lisboa, na Rua da Rosa,
localizada no emblemático e castiço Bairro Alto. Aqui, Alcindo de Carvalho
cresceu junto do seu pai, alfaiate de profissão e amante do fado, e dos seus
cinco irmãos, entre os quais a guitarra e a viola marcavam presença em pequenos
concertos familiares onde se tocava e cantava o fado. Aos poucos, Alcindo de
Carvalho foi-se deixando abraçar pelo género musical e inicia a interpretação
em público dos seus primeiros temas de fado.
Mais
tarde, ingressa no mercado de trabalho e já empregado numa casa de comércio
presta as primeiras provas na rádio. Curioso é que, este facto teve como
impulsionadora a filha do patrão onde trabalhava, que o inscreve na Emissora
Nacional com o propósito de prestar provas. O resultado é feliz, e Alcindo de
Carvalho passa a ser convidado para, regularmente, integrar alguns programas
radiofónicos. Estamos no ano de 1953.
Dentro
do meio artístico o seu talento é descoberto por Márcia Condessa, também amiga
da família, e aos 18 anos, a desafio do guitarrista Carvalhinho, passa a cantar
na casa típica Márcia Condessa, estreando-se desta forma para um percurso de
sucesso; “… a primeira casa onde trabalhei, foi precisamente na Márcia
Condessa, estive lá 18 anos (…) Ela era uma mulher maravilhosa e tinha uma casa
maravilhosa”, confidenciará o fadista em entrevista.
Certo
dia, após um programa na Emissora Nacional, é convidado por Lucília do Carmo
para integrar o elenco do Faia, onde conhece Carlos do Carmo. Alcindo de
Carvalho acrescenta: “Fui e estive lá 17 anos. Gostei muito, foi uma casa que
me inspirou muito, uma casa maravilhosa, ainda hoje lá vou mas vejo que é já um
pouco diferente (…) o Faia marcou-me muito”.
Embora
o seu pai fosse um grande admirador de fado, não aceitava de bom grado o facto
de Alcindo de Carvalho seguir uma carreira artística: “…. Achava que era uma
vida boémia, mas depois começou a gostar, achava que eu cantava bem e ia
ouvir-me cantar.”, declarou em entrevista.
Durante
mais de 25 anos, Alcindo de Carvalho foi vendedor de tintas da Sotinco,
trabalho esse que realizava de dia, conjugando com as apresentações diárias nas
diversas casas típicas de Lisboa, um período tido como mais “duro”, mas
felizmente já ultrapassado. Apesar das poucas horas de sono, Alcindo de
Carvalho guarda as melhores lembranças desses tempos, em que trabalhou com
grandes nomes no género, casos de Carlos Ramos, Tristão da Silva, Fernando
Farinha, Alfredo Marceneiro, entre outros.
No
percurso das casas típicas destaca-se ainda a permanência durante 21 anos na
Parreirinha de Alfama, propriedade de Argentina Santos e da excelente relação
que ainda hoje mantêm com a fadista. Este episódio permitiu-lhe poder
conciliar, em determinado momento da sua carreira, as actuações na Parreirinha
de Alfama, na Taverna do Embuçado e mais recentemente no Clube de Fado.
De
Carlos Ramos, Alcindo de Carvalho guarda os melhores momentos, e declara “Ele
foi uma pessoa maravilhosa para mim, tenho o repertório dele, canto muitas
coisas dele, foi ele que me deu um livro de poemas antes de morrer. Fiquei
muito triste com a morte dele, foi uma pessoa que me tocou muito.”. Hoje,
Alcindo de Carvalho ainda revive os momentos que passou com o célebre fadista e
que se tornou numa referência para a sua vida e carreira artística. “Ele tinha
poemas maravilhosos, escritos por poetas maravilhosos e aquelas letras para mim
dizem-me qualquer coisa”, estes momentos, em que Alcindo de Carvalho interpreta
o repertório de Carlos Ramos, revelam-se de um grande saudosismo e emoção.
Do
repertório de Alcindo de Carvalho também fazem parte letras de Artur Ribeiro,
Moniz Pereira e Lopes Vítor, autor da controversa “A Morte da Mariquinhas”,
entre outros.
Em
1974 Alcindo de Carvalho estreia-se na televisão; “fiz dois programas seguidos.
Quer dizer: gravei um e passado três ou quatro dias recebi um telefonema para
fazer outro programa. Fiquei até muito admirado.”.( Baptista-Bastos (1999):
18). Todavia, apesar de terem sido programas bem recebidos pelo público,
acabaram por não ter continuidade.
È
na década de 80 que grava o seu primeiro disco para a etiqueta Telectra, um 45
rpm. Outras edições se seguiram (33 rpm, cassetes e cd´s) mas hoje em dia o
fadista recusa-se a gravar, “resolvi não gravar mais discos nenhuns…”, afirma
sem grande nostalgia.
Mais
recentemente, já na década de 90, Alcindo de Carvalho é convidado por Ricardo
Pais a participar num programa de fados intitulado “Fados” e apresentado no
Centro Cultural de Belém. Aqui o fadista contracena ao lado de José Pedro Gomes
e Carlos Zel. Este espectáculo foi também apresentado em Marselha. Mais tarde,
é convidado por Filipe La Feria para o espectáculo “Cabaret”, com estreia no
Teatro Politeama. No decurso destas experiências, Alcindo de Carvalho também
nos partilha o convite que teve para participar num festival em Londres, por
ocasião da Semana de Portugal.
Na
Grande Noite do Fado do ano 2004, Alcindo de Carvalho recebe o Prémio de
Carreira, e é homenageado num espectáculo decorrido no Teatro de S. Luiz, em
Lisboa.
Em
Julho de 2005 sobe ao palco, em estreia no Teatro Nacional de São João (Porto),
o espectáculo de Ricardo Pais "Cabelo Branco é Saudade". Alcindo de
Carvalho partilha o elenco com Argentina Santos, Celeste Rodrigues e Ricardo
Ribeiro e afirma: “têm sido casas cheias em todo o lado para onde vamos (…)
Estou muito feliz e contente de agora, depois da minha idade, andar a fazer
isto. Acompanhados pela guitarra de Bernardo Couto, pela viola-baixo de Nando
Araújo e sob a direcção musical de Diogo Clemente (também viola), este “Cabelo
Branco é Saudade” já se apresentou em inúmeros espectáculos pela Europa e
Japão.
Do
seu vasto repertório destaque para os temas "Não venhas tarde" de
Aníbal da Nazaré, “Bons Tempos" de José Galhardo, ambos popularizados por
Carlos Ramos e "Fado de Ser Fadista" de Artur Ribeiro.
Fonte: Museu do Fado - Última actualização: Outubro de 2011.
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