segunda-feira, 29 de junho de 2020
sexta-feira, 26 de junho de 2020
BIOGRAFIAS FADISTAS
VICENTE DA CÂMARA
Dom Vicente
Maria do Carmo de Noronha da Câmara nasceu em Lisboa, no Alto de Santa
Catarina, no dia 7 de Maio de 1928. Descende de uma antiga família cujas raízes
remontam a João Gonçalves Zarco. Filho de Maria Edite e João Luís da Câmara,
jornalista e locutor na Emissora Nacional, começou a interessar-se pelo Fado
ouvindo os discos de João do Carmo de Noronha, seu tio avô, e assistindo aos
ensaios de sua tia, Maria Teresa de Noronha.
Vicente da Câmara começou a “puxar para a fadistice” e, com 15 anos, já interpretava o fado como amador, frequentando com os amigos espaços como a Adega Mesquita, a Adega Machado ou a Adega da Lucília. Nesta altura aprende também a tocar guitarra. Apesar de presença habitual nestes espaços, o fadista nunca integrou nenhum elenco fixo das casas de fado. Incentivado pela tia e por Henrique Trigueiro participa num concurso da Emissora Nacional, nesse ano a vencedora é Júlia Barroso, mas no ano seguinte Vicente da Câmara ganha o 1º prémio. A partir dessa data, 1948, actuou num grande número de programas daquela estação, como os “Serões para Trabalhadores”, programas de estúdio e sobretudo no programa que a sua tia, Maria Teresa de Noronha, manteve naquela emissora até 1962. Por essa altura, em 1950, e em vésperas da sua partida para Luanda (Angola), onde permanecerá 2 anos, assina o seu primeiro contrato discográfico, com a Valentim de Carvalho, e grava o seu primeiro disco, lançando os temas: "Fado das Caldas" e "Varina". A 23 de Abril de 1955 casa-se com D. Maria Augusta de Mello Novais e Atayde, com quem terá 6 filhos. O mais novo, José da Câmara, segue as pisadas do pai, chegando os dois a pisar o mesmo palco e a gravar juntos, como acontece no CD “Tradição” (EMI, 1993), onde se juntam a Nuno da Câmara Pereira numa homenagem a Maria Teresa de Noronha.
Vicente da Câmara começou a “puxar para a fadistice” e, com 15 anos, já interpretava o fado como amador, frequentando com os amigos espaços como a Adega Mesquita, a Adega Machado ou a Adega da Lucília. Nesta altura aprende também a tocar guitarra. Apesar de presença habitual nestes espaços, o fadista nunca integrou nenhum elenco fixo das casas de fado. Incentivado pela tia e por Henrique Trigueiro participa num concurso da Emissora Nacional, nesse ano a vencedora é Júlia Barroso, mas no ano seguinte Vicente da Câmara ganha o 1º prémio. A partir dessa data, 1948, actuou num grande número de programas daquela estação, como os “Serões para Trabalhadores”, programas de estúdio e sobretudo no programa que a sua tia, Maria Teresa de Noronha, manteve naquela emissora até 1962. Por essa altura, em 1950, e em vésperas da sua partida para Luanda (Angola), onde permanecerá 2 anos, assina o seu primeiro contrato discográfico, com a Valentim de Carvalho, e grava o seu primeiro disco, lançando os temas: "Fado das Caldas" e "Varina". A 23 de Abril de 1955 casa-se com D. Maria Augusta de Mello Novais e Atayde, com quem terá 6 filhos. O mais novo, José da Câmara, segue as pisadas do pai, chegando os dois a pisar o mesmo palco e a gravar juntos, como acontece no CD “Tradição” (EMI, 1993), onde se juntam a Nuno da Câmara Pereira numa homenagem a Maria Teresa de Noronha.
Vicente da
Câmara passa a ser contratado da editora Custódio Cardoso Pereira em 1961. É
neste período que escreve "A Moda das Tranças Pretas", hoje
reconhecidamente o seu maior. Em 1967 celebra um contrato com a Rádio Triunfo,
onde grava temas como "Guitarra Soluçante", “O Fado Antigo é Meu
Amigo” e "Há Saudades Toda a Vida".
No cinema participou na "Última Pega" (1964), filme realizado por Constantino Esteves, com Leónia Mendes e Fernando Farinha. Vicente da Câmara protagoniza uma desgarrada com Fernando Farinha. Só voltará ao cinema em 2007, mas as suas participações em programas de televisão serão uma constante ao longo de toda a carreira.
No cinema participou na "Última Pega" (1964), filme realizado por Constantino Esteves, com Leónia Mendes e Fernando Farinha. Vicente da Câmara protagoniza uma desgarrada com Fernando Farinha. Só voltará ao cinema em 2007, mas as suas participações em programas de televisão serão uma constante ao longo de toda a carreira.
Após o 25 de
Abril o fado passa por um conhecido período de menor popularidade que se
reflecte para o fadista numa quase total ausência de espectáculos. Vicente da
Câmara mantém a sua actividade profissional, durante 19 anos, como inspector da
CIDLA, pelo que a sua dedicação ao fado como profissional, com uma actividade
bastante intensa, a nível nacional e internacional, atinge o auge na década de
80.
Desde então
tem realizado espectáculos na Alemanha, Luxemburgo, França, Espanha, Holanda,
Canadá, África do Sul, Macau, Hong Kong, Seul, Coreia, Malásia, Brasil,
Moçambique e Angola. Em 1989, por ocasião dos seus 40 Anos de Carreira
Artística, os amigos organizam uma Festa de Homenagem, no Cinema Tivoli, onde
ele próprio actuou e, como confidencia "jamais esquecerá".
No dia 25 de
Setembro, na inauguração do Museu do Fado (do qual é um dos membros do Conselho
Consultivo), abriu o espectáculo realizado no Largo Chafariz de Dentro, gravado
pela RTPi.
Poeta e
intérprete do fado, acompanhando-se à guitarra, D. Vicente continua a manter a
tradição do fidalgo fadista, imprimindo às suas interpretações um cunho muito
particular, destacando-se uma característica única, o timbre e musicalidade da
sua voz, numa sempre clara articulação dos poemas. O seu registo discográfico
mais recente, “O rio que nos viu nascer”, foi editado pela Ovação em 2006. O
mercado acolhe também algumas reedições das suas gravações em formato CD, de
que salientamos as colectâneas do seu trabalho nas colecções “O Melhor dos
Melhores” (Movieplay, 1994) e “Biografia do Fado” (EMI, 2004). Em 2007 regressa
ao cinema, no filme de Carlos Saura, "Fados", protagonizando um
excerto dedicado às Casas de Fados, onde se junta a Maria da Nazaré, Ana Sofia
Varela, Carminho, Ricardo Ribeiro e Pedro Moutinho para recriar o ambiente das
interpretações.
Em 2009, Vicente da Câmara festeja os seus 60 anos de carreira artística. O Teatro Tivoli é novamente o palco de comemoração da efeméride com um espectáculo onde, para além do próprio actuaram José da Câmara, Maria João Quadros, Teresa Siqueira e António Pinto Basto, entre outros. Ainda neste ano a Fundação Amália Rodrigues distinguiu-o com o “Prémio Carreira”.
Em 2009, Vicente da Câmara festeja os seus 60 anos de carreira artística. O Teatro Tivoli é novamente o palco de comemoração da efeméride com um espectáculo onde, para além do próprio actuaram José da Câmara, Maria João Quadros, Teresa Siqueira e António Pinto Basto, entre outros. Ainda neste ano a Fundação Amália Rodrigues distinguiu-o com o “Prémio Carreira”.
Fonte: Museu do Fado - Última actualização:
Abril/2009
(Entretanto Vicente
da Câmara faleceu no dia 28 de Maio de 2016)
terça-feira, 23 de junho de 2020
BIOGRAFIAS FADISTAS
TRISTÃO DA SILVA
Manuel Augusto Martins Tristão da Silva, filho de Francisco Tristão da
Silva e Teodora Augusta Martins, nasceu a 18 de Julho de 1927 na Freguesia da
Penha, em Lisboa.
Quando Manuel Tristão da Silva inicia a escola passa “os seus momentos
livres a cantar, para o que demonstrava decidida vocação.” (“Álbum da Canção”,
Nº29, 1 de Julho de 1965). E, no início de 1937, quando contava apenas 9 anos,
foi contratado pelo empresário José Miguel, para actuar aos domingos na
«matinée» do Café Mondego. Nesta altura usava o nome Manuel da Silva, mas ficou
conhecido pelo “Miúdo do Alto do Pina”.
Conclui a instrução primária e torna-se empregado numa drogaria na Graça,
de onde transita para outra situada na Rua Morais Soares e, mais tarde, aprende
o ofício de serralheiro. Ainda assim, e apesar de contar com apenas 15 anos,
estas actividades profissionais não o impedem de prosseguir a carreira
artística, cantando em muitas das sociedades de recreio e, posteriormente, nas
casas de Fado de Lisboa. Tristão da Silva fez parte dos primeiros elencos da
Sala Júlia Mendes, no Parque Mayer, e do Café Monumental, na Rua Carvalho
Araújo.
Com o sonho de se tornar um artista mais popular, o fadista faz, várias
vezes, provas para entrar nos quadros da Emissora Nacional, mas acaba por ser
recusado. Entretanto vai cumprir o serviço militar obrigatório e é incorporado
no Regimento de Artilharia Ligeira 3, onde lhe é permitido sair para cantar nas
noites em que tem contratos de espectáculo.
Com cerca de 22 anos, depois de terminado o serviço militar, Tristão da
Silva é apresentado ao maestro Belo Marques, então director musical da editora
Estoril, sendo contratado por Manuel Simões para fazer algumas gravações
discográficas, acompanhado pela orquestra de Belo Marques.
Datam de 1954 dois grandes êxitos que trouxeram a Tristão da Silva a
consagração junto do público: o tema “Nem às Paredes Confesso”, de autoria de
Max e Artur Ribeiro, e “Maria Morena”, com letra de Radamanto e música de
Casimiro Ramos.
Admitido como artista da Emissora Nacional passa a apresentar-se em vários
programas de rádio, obtendo naturalmente grande sucesso. Tristão da Silva
actua, em 1955, na Ilha da Madeira e, no ano seguinte, nos Açores. O fadista
faz, também, gravações em Espanha e uma deslocação a África, para além de ser
dos primeiros artistas a apresentar-se nos programas da RTP, então transmitidos
a partir da Feira Popular.
Em 1960 viaja até ao Brasil, onde acaba por permanecer durante 4 anos, para
actuar na Rádio e na TV Tupi do Rio de Janeiro e nas várias casas típicas
portuguesas da cidade. Participa em peças teatrais, nomeadamente com Osvaldo
Lousada numa peça intitulada "O Assunto É Mulher ". Posteriormente
desloca-se a São Paulo, onde também actua na Rádio, na Tv e nas principais “boites”
da cidade; e faz uma digressão que o leva ao Recife, Baía, Porto Alegre, João
Pessoa, Pelotas, Fortaleza e Brasília. Em Porto Alegre é contratado para uma
nova digressão desta vez para actuar na Bolívia, Chile, Paraguai, Argentina,
Uruguai e Perú.
De salientar na sua estadia no Brasil o prémio “Sassy”, que recebe em 1961,
em São Paulo, destinado “à melhor atracção internacional do “music-hall” em
exibição naquela capital.” (“Álbum da Canção”, Nº29, 1 de Julho de 1965).
Tristão da Silva regressa a Lisboa em 1964, pela mão de Vasco Morgado que o
contrata para actuar na revista "Férias em Lisboa". Nesta altura, o
fadista apresenta-se, também, em programas da RTP, e canta na casa típica de
Fernanda Maria, o Lisboa À Noite.
Tristão da Silva passa pelos elencos das mais populares casas de Fado de
Lisboa , como O Faia, A Tipóia, A Parreirinha de Alfama, o Forcado ou O Luso, e
canta, também, em sessões cinematográficas do Politeama e em peças teatrais
como a “Marujinhos à Vela” ou a já mencionada “Férias em Lisboa”, em cena
respectivamente nos teatros Maria Vitória e Monumental.
Ilustrativas da sua popularidade são as quadras que o poeta Carlos Conde
lhe dedica, na sua rubrica “Galarim da Semana”:
“Justamente consagrado / Todos sabem que Tristão
Tem sido grande no Fado / P’ra ser maior na canção!
Não pediu nada a ninguém / P’ra chegar onde chegou;
O prestígio que hoje tem / A seu tempo o conquistou!
O Tristão não é dos tais / Que julgam muito saber,
Por isso é que vale mais / Do que o que julga valer!”
(revista “Plateia”, s/d.)
Viria a falecer, com 50 anos, num brutal acidente de viação em Janeiro de
1978, quando regressava de uma actuação na casa de Fados O Forcado. Terminou
assim, abruptamente, uma carreira recheada de grandes êxitos, como os já
citados, “Nem às Paredes Confesso” e “Maria Morena”, ou ainda “Da Janela do Meu
Quarto”, “Aquela Janela Virada P’ró Mar” e “Calçada da Glória”. Temas
interpretados em estilo romântico que a voz grave e fortemente personalizada de
Tristão da Silva eternizou.
Em 2004, a Câmara Municipal de Lisboa prestou a sua homenagem ao cantor,
atribuindo o seu nome a um jardim situado nas freguesias do Alto do Pina e do
Beato.
Fonte: Museu do Fado - Última actualização:
Outubro/2008
sexta-feira, 19 de junho de 2020
BIOGRAFIAS FADISTAS
TONY
DE MATOS
Tony
de Matos é uma das figuras mais carismáticas do meio artístico português. Filho
de Afonso de Matos e Mila Graça, António Maria de Matos, nasce no Porto a 28 de
Outubro de 1924. Vive até aos 5 anos nesta cidade, altura em que a sua mãe
passa a integrar a Companhia de Teatro itinerante de Rafael de Oliveira. Tony,
como era tratado por todos, começa cedo a pisar os palcos e passa grande parte
da sua infância e adolescência, de cidade em cidade.
Aos
13 anos estreia-se como ponto e, por os pais o quererem afastado da vida
artística, aprende o ofício de barbeiro, o qual vai pondo em prática nas terras
onde a companhia se vai estabelecendo.
O
desejo de cantar fá-lo rumar até Lisboa, onde, paralelamente, se emprega na
Comissão Reguladora das Moagens de Ramas. Tony de Matos é recusado, por duas
vezes, no concurso de admissão à Emissora Nacional, mas com a interpretação dos
temas “Se Eu Morrer Amanhã” e “Noite de Luar” é finalmente aprovado em 1945.
Três
anos mais tarde, num regresso à Companhia de Teatro, e em noite de exibição
numa das muitas Verbenas, desta feita no Atlético, Tony canta alguns temas do
repertório de Alberto Ribeiro e, naturalmente, impressiona quem o ouve. Júlio
Peres é, nessa data, director artístico do recinto e logo o convida para se
apresentar no Luso, casa onde é de imediato contratado para integrar o elenco,
recebendo 50 escudos por noite. É nesta altura que Tony de Matos, com 23 anos,
se profissionaliza, num "ambiente puramente fadista", facto que
justifica, em entrevista, dizendo: “também sou fadista a meu modo porque, como
sabe, entre os meus números de mais agrado encontram-se alguns de fado-canção…”
(“A Voz de Portugal”, 10 de Setembro de 1954).
Tony
de Matos alcança grande popularidade quando integra a programação da APA
(Agência de Publicidade Artística) e o "Comboio das Seis e Meia", com
os quais percorre todo o país, em inúmeros espectáculos. São os temas
românticos que passam a marcar todo o seu percurso artístico.
Logo
a abrir a década de 50, Tony de Matos é convidado por Manuel Simões a gravar o
primeiro disco, em Madrid, de onde se destaca o tema "Cartas de
Amor", um estrondoso sucesso na rádio. No regresso a Portugal é convidado
a filmar o documentário “Almourol”, realizado por Fernando Garcia.
Data
de 1953 a sua estreia no teatro de revista, primeiro no elenco de
"Cantigas Ó Rosa", a que se segue a peça "Saias Curtas",
onde faz um dueto com Maria José da Guia.
Em
finais desse mesmo ano, e graças ao sucesso alcançado até então, surge o
convite de empresário Mangioni para uma temporada no Brasil. Para além de se
apresentar em programas de televisão e rádio, Tony de Matos é contratado para
actuar nas casas: Oásis, Lord e Esplanada. Permanece no Brasil por um período
de seis meses e grava 4 discos de 78 RPM, onde revela um novo êxito, o tema
"Rosinha dos Limões".
Regressa
a Lisboa por apenas um mês e volta ao Brasil, a bordo do "Santa Maria",
para uma visita às cidades do Rio de Janeiro e Santos. Em entrevista, Tony de
Matos revela: "Contratos não faltam, felizmente. O público do país irmão
tem-me acarinhado de tal maneira que eu no Rio ou em São Paulo, estou como em
minha casa!" (“A Voz de Portugal, 10 de Setembro de 1954).
Tony
de Matos é então dos artistas mais destacados da época e passa a ser solicitado
em todo o mundo para espectáculos e digressões, que passam pelas ilhas dos
Açores e Madeira, e por países como Espanha, Itália, São Tomé, Angola,
Moçambique, África do Sul, Congo, Rodésia, Goa, Líbano, Iraque, Egipto,
Turquia, entre outros.
Depois
de percorrer vários continentes faz, em 1957, nova viagem de regresso ao
Brasil, onde ficará por seis anos. Tony de Matos, entretanto casado com a
cantora Maria Sidónio, abre com ela, em Copacabana, o restaurante "O
Fado", em 1959. Tony de Matos continua com apresentações na rádio e
televisão brasileiras, com destaque para a TV Rio, TV Tupi, Rádio Nacional e
Clube 36. Corre todo o Brasil e arrecada inúmeras ovações, faz novas gravações
e para a sua crescente popularidade também contribuem Joaquim Pimental e
António Rodrigues, que lhe escrevem, entre outros, o tema "Vendaval",
um dos seus maiores sucessos, rapidamente difundido pela rádio e televisão.
Volta
a Portugal com vários discos gravados, onde se encontram músicas que serão
futuros êxitos, casos de, por exemplo: "Lugar Vazio", "Lado a
Lado", "Procuro Mas Não te Encontro", "Poema do Fim",
ou a já referida "Vendaval". Assina contrato com a editora Valentim
de Carvalho para as futuras gravações, passando a receber uma percentagem
record (7%) da receita das vendas.
Neste
seu regresso Tony de Matos sonha em abrir um restaurante semelhante ao que
havia possuído no Brasil (O Fado) e, em 1964, inaugura um espaço a que chama
Lado-a-Lado. Ainda em 1964, faz a sua estreia no grande ecrã, no filme "A
Canção da Saudade", de Henrique Campos, onde interpreta o tema "Só
nós dois". A 3 de Abril de 1965 Tony de Matos recebe o Prémio Música
Ligeira, para melhor cançonetista, e, nesse mesmo ano, volta ao cinema,
protagonizando ao lado de Leónia Mendes o filme "Rapazes de Táxis",
realizado por Constantino Esteves.
Em
1966, Tony de Matos concorre ao Festival da Canção, com "Nada e
Ninguém", um poema de autoria de António José, mas classifica-se no último
lugar. Dois anos mais tarde fará o seu regresso ao teatro no elenco da revista
"Arroz de Miúdas", onde criou "O Que Sobrou da Mouraria",
com letra de Paulo da Fonseca, César de Oliveira e Rogério Bracinha e música de
João Nobre.
Tony
de Matos é uma das vozes mais proeminentes e populares no mundo da canção
portuguesa, como nos diz a revista “Antena”: “cantou em quatro continentes, a
sua voz está implantada em milhares de discos, o rosto surgiu na tela grande, a
presença firmou-se na retina de quem o aplaude no teatro ou na televisão, quem
o escuta nas mais diversas horas do dia penetrando em nossos lares” (“Antena”,
15 de Setembro de 1967).
As
suas participações em películas cinematográficas incluem, ainda, os filmes:
"O Destino Marca a Hora", realizado por Henrique Campos, em 1970; e
"Derrapagem", de Constantino Esteves e datado de 1974.
Após
a Revolução de Abril de 74, Tony de Matos sente um decréscimo na sua
popularidade e consequente contratação para espectáculos. Inicia uma digressão
pelos Estados Unidos da América, volta a apaixonar-se, a casar e por ali fixa
residência durante cerca de 8 anos.
O
retorno a Portugal coincide com novas experiência no teatro de revista,
revelando-se uma das principais vedetas em algumas peças. Estabelece uma
relação "séria, feliz, duradoura" com a fadista Lídia Ribeiro, que o
acompanhará até ao fim da sua vida (“A Capital”, 24 de Setembro de 1988). No
mesmo período, partilha com Carlos Zel e Filipe Duarte a gerência da casa Fado
Menor, por onde passam grandes vultos do Fado.
Em
1985 João Henriques escreve-lhe a canção "Romântico" que, aliada ao
convite de Vitorino para um concerto realizado no Coliseu dos Recreios, que
resultou numa plateia rendida ao seu talento; o vai projectar de novo para a
fama. Prova disso mesmo é o concerto em nome próprio que realiza em Novembro de
1985, onde, para gáudio de todos os presentes, interpreta grande parte dos
temas mais célebres da sua longa carreira.
Tony
de Matos morre a 8 de Junho de 1989, pondo fim a uma carreira repleta de
êxitos. Ficará para sempre recordado como o cantor romântico que, com a sua
característica voz, moldada num timbre único e inimitável, tão bem soube
exaltar o amor.
Em
2006 é editado, numa produção RTP e Ovação, o DVD do último concerto de Tony de
Matos e, em 2007, é lançado o álbum "A Vida de um Romântico", sob a
chancela da Farol.
Fonte:
Museu do Fado - Última actualização: Outubro/2008
segunda-feira, 15 de junho de 2020
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