MÁRCIA
CONDESSA
Márcia
Condessa nasceu em Monção, no Minho, a 28 de Setembro de 1915. Não tendo
possibilidade para realizar estudos, veio ainda jovem para Lisboa para procurar
trabalho.
A
sua ligação ao fado inicia-se no restaurante da Bica onde Márcia Condessa
trabalhava e, por vezes, cantava fados e também algumas canções galegas.
Em
1938, quando o jornal "Canção do Sul" organiza o Concurso da
Primavera, os frequentadores e habitantes do bairro pedem a Márcia Condessa que
participe em representação da Bica. A fadista acede aos pedidos, passa nas
eliminatórias e chega à final do concurso, realizada a 11 de Julho de 1938,
numa das salas da redacção do jornal.
Nesta
prova cada cantadeira interpreta dois fados do seu repertório, um castiço e
outro canção e, conforme é referido na edição do jornal de 16 de Julho, onde se
publica a acta do concurso, foi atribuído pelo júri o "1º prémio e por
unanimidade, o título de «Rainha do Fado - 1938» à candidata do Bairro da Bica,
Márcia Condessa, a qual reúne sobejamente os predicados requeridos de dicção,
voz e expressão."
Vencido
o concurso e apresentada a fadista na capa da referida edição do jornal
"Canção do Sul", a cantadeira passa a actuar em várias casas de fado
e espectáculos vários até abrir, na década de 1950, o seu próprio restaurante
típico.
Quando
em 1938 Márcia Condessa arrecadou o título de «Rainha do Fado», no Concurso da
Primavera do jornal "Canção do Sul", abraçou a carreira de fadista
como sua profissão.
Os
locais onde interpretou o fado abarcam várias casas de fado, mas foi na Adega
Machado que integrou o elenco permanente durante vários anos, até ter
inaugurado o restaurante "Márcia Condessa" , desde aí condicionando a
sua carreira artística para as apresentações diárias e gestão deste espaço.
A
16 de Abril de 1942, Márcia Condessa volta a ser a capa do jornal "Canção
do Sul" que apenas quatro anos passados da sua estreia a adjectiva como
"Uma Titular no Fado Antigo" e "A Voz da Humildade".
Em
1944, a fadista actuou no Coliseu do Porto, no espectáculo "Mãe
Portuguesa", onde se juntava na interpretação a dois outros grandes nomes
do universo fadista, Ercília Costa e a Júlio Proença. (cf: "Canção do
Sul", 16 de Setembro de 1944).
É
no nº 38 da Praça da Alegria que a fadista abre a casa "Márcia
Condessa", a qual se tornará um ponto de referência nos circuitos de
exibição dos fadistas mais destacados. Para além das actuações da própria
Márcia Condessa, passaram por este espaço artistas como Celeste Rodrigues,
Alcindo Carvalho, Teresa Nunes, Alfredo Marceneiro, Fernando Farinha ou Beatriz
da Conceição.
Este
será o espaço onde a cantadeira se manterá até decidir afastar-se da carreira
artística em meados da década de 1970, passando depois o espaço a ser gerido
por um sobrinho seu e, mais tarde, passando pelas mãos de vários sócios, que
mantiveram o nome da casa. No decorrer da década de 1990 a casa deixou de ser
espaço de apresentação de fado e passou a ser o restaurante "O
Púcaro".
Márcia
Condessa fez também actuações no estrangeiro. Durante 8 meses esteve no Brasil,
integrada numa companhia de teatro, da qual faziam também parte Irene Isidro,
António Silva e Ribeirinho. E, já depois de ter a sua casa aberta ao público,
fez um espectáculo em Marrocos, integrando uma comitiva de Estado.
Apesar
da sua longa carreira não existem quase registos discográficos de Márcia
Condessa. Em formato CD existe apenas uma edição conjunta com Adelina Ramos e
Berta Cardoso, na colecção "Fados do Fado" da Movieplay. Aqui surgem
reeditados os quatro temas que a fadista gravou para a editora Alvorada em
1962: "Embuçado", "Fado menor (quadras soltas)",
"Canção do Mar" e "Fado das Caravelas".
Márcia
Condessa faleceu a 1 de Julho de 2006, quando estava perto de completar 91
anos. O seu funeral realizou-se na sua terra natal, em Monção.
Fonte: Museu do Fado - Última actualização: Março/2008
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