NUNO
DE AGUIAR
Nasceu
na Travessa do Olival à Graça e revelou-nos que desde muito cedo se sentiu
rendido ao mundo do Fado. Na sua vida infância, Concórdio trocava de bom agrado
os pontapés na bola de futebol para ouvir e cantar o Fado. O fadista de hoje
recorda os momentos em que, as vizinhas lhe pediam para fazer recados, e com os
tostões que lhe davam, descia até ao Vale de Santo António para, numa tasca pagar
um copo de vinho aos guitarristas, em troca de um Fado. È em pleno bairro de
Alfama, no "Retiro" do Sr. Augusto, que Concórdio canta alguns dos
Fados que ouve na Emissora Nacional. Contudo, estes acontecimentos dão-se
sempre à "revelia" dos seus pais.
Uma
nota curiosa neste seu percurso é que um dos grandes apreciadores de ouvir
Concórdio a cantar, era o General França Borges, antigo presidente da Câmara
Municipal de Lisboa, que frequentava o "Retiro" do Sr. Augusto e que
em troca de uns tostões lhe pedia a interpretação de alguns temas de Fado.
Influenciado
pelo pai, mestre em marcenaria de obras de arte, Concórdio aprende o ofício, no
Instituto Industrial de Lisboa, mas cedo opta por se dedicar exclusivamente ao
Fado e passa a ser solicitado para cantar, ainda que a título amador.
Destaca-se então pelo estilo próprio de interpretação que o distingue de tantas
outras vozes.
Em
1960 profissionaliza-se após ganhar o concurso "Primavera no Fado",
no Coliseu dos Recreios, findo várias eliminatórias no "Salão Luso".
Depois
do serviço militar, onde encantou os colegas com as suas interpretações de
Fado, é convidado para o "Ritz Clube" (1965): “Um lugar fora do
comum” dirá. Neste espaço, o Fado tinha início às 2 horas da manhã e durava até
cerca das 7 horas da manhã. Aqui, Concórdio manteve-se por cerca de dois anos,
até ao convite do Sr. Barros para integrar o elenco do "Retiro da
Severa". Surge então a oportunidade de gravar para a editora
"Estúdio", ainda que seja aconselhado a alterar o seu nome próprio - Concórdio
para um nome considerado mais artístico e "nasce" Nuno de Aguiar.
Praticamente todas as noites, Nuno de Aguiar interpretava o Fado "Bairro
Alto", (letra de Carlos Simões Neves e música de Nuno de Aguiar) e que se
revelaria um enorme sucesso e que pontua a sua carreira.
Mais
tarde, é convidado por Lucília do Carmo para o elenco do "Faia"
situado no Bairro Alto, local de contínua aprendizagem e óptimas recordações.
Nuno
de Aguiar revela-nos ainda as actuações de sucesso que tiveram lugar no Casino
do Funchal. É neste período que a carreira do fadista conhece contornos
internacionais, com incontáveis viagens e concertos um pouco por todo o mundo,
com apresentações em cidades que o fadista diz conhecer tão bem como o bairro
onde nasceu! Numa dessas deslocações até à América, Nuno de Aguiar acaba por
ficar durante 9 anos, em concertos para a comunidade portuguesa e não só.
Passou
um longo período numa casa típica em Lourenço Marques (Moçambique), até ao 25
de Abril, altura em que regressa a Lisboa.
Após
o regresso inicia um novo circuito pelas casas típicas de Lisboa,
salientando-se a inauguração do "Forcado" e o início de uma
colaboração assídua com Rodrigo no "Picadeiro", em Cascais.
Torre
da Guia é o seu poeta de eleição. Conheceram-se no serviço militar e desde
então tem a particularidade de escrever a maior parte das letras que Nuno de
Aguiar interpreta.
Celebra
os 45 anos de carreira em 2006 assinalados com a edição de um CD, etiqueta
Metro- Som: "Meu Disco, Meu Fado", e onde revela a sua faceta de poeta,
ao assinar dois dos 14 fados que compõem o CD.
Fonte: Museu do Fado - Última actualização:
Fevereiro/2008
Nenhum comentário:
Postar um comentário