FERNANDA
MARIA
Fernanda
Maria nasceu na freguesia do Socorro, Hospital de S. José em 06 de Fevereiro de
1937. O seu pai era tipógrafo e cantava muito bem o Fado, e segundo Fernanda
Maria deverá ter sido com ele que apanhou o compasso e o gosto pelo Fado.
Desde
muito nova, 12/13 anos, empregou-se a servir à mesa, na "Adega
Patrício", de que era proprietária a fadista Lina Maria Alves. Mais tarde
passou para o restaurante de Argentina Santos, a "Parreirinha de
Alfama", e foi ali, naquele espaço tão especial, que surgiu uma das
maiores intérpretes do género, símbolo do mais puro estilo fadista.
Fernanda
Maria começa a sentir o apelo de cantar e incentivada pelos frequentadores das
casas onde servia à mesa, descobre a sua vocação. Impulsionada por Alfredo Lopes
inicia os testes para a Emissora Nacional e feitas as devidas provas estreia-se
no Serão para Trabalhadores, emitido a partir da Voz do Operário.
Em
1957 tira a carteira profissional e para além dos programas na Emissora
Nacional passa a participar em variados espectáculos como o "Passatempo
APA" no Cinema Éden, "Do Céu Caiu uma Estrela" no Òdeon, e o
"Comboio das 6h30" no Capitólio. Uns dos momentos que Fernanda Maria
recorda com mais saudade são os espectáculos de variedades realizados no
Pavilhão dos Desportos e no Coliseu dos Recreios.
Por
motivos de vida familiar recusou muitos convites ao estrangeiro, mantendo as
suas actuações assíduas nas casas de Fado "A Severa",
"Toca", "Nau Catrineta" e "Viela" até se fixar no
seu próprio espaço, a casa típica "Lisboa à Noite", que abriu em
1964, e deixou após o falecimento do seu marido, Romão Martins. Passaram por
este espaço grandes nomes do género, Manuel de Almeida, Manuel Fernandes,
Tristão da Silva, Alice Maria, Maria da Fé, Cidália Moreira, entre outros.
A
primeira gravação de disco deu-se quando actuava na "A Severa" e mais
tarde gravou também pelas editoras Valentim de Carvalho e Alvorada.
A
convite do empresário José Miguel, Fernanda Maria integra o elenco da revista
"Acerta o Passo" (1964) junto de Ivone Silva, contudo foi uma breve
passagem, já que a fadista não se fascina por esta arte e pelos grandes palcos.
Foi
acompanhada por grandes instrumentistas: Pais da Silva, Acácio Rocha, Jaime
Santos, Carvalhinho, Martinho D´Assunção, Raul Nery, Fontes Rocha, Joel Pina.
Fernanda
Maria, voz carismática e peculiar, tem como principais referências Argentina
Santos e Maria Teresa de Noronha, pelas quais nutre um enorme respeito e
admiração. Do seu vasto repertório fazem parte versos de grandes poetas, casos
de: Linhares Barbosa, Nelson de Barros, Frederico de Brito, João Dias e Carlos
Conde, dos quais resultaram grandes sucessos tais como "Não Passes com ela
à minha rua", de Carlos Conde, e "Zanguei-me com o meu amor" de
Linhares de Barbosa.
Símbolo
máximo do Fado castiço, Fernanda Maria é distinguido em 1963 com o Prémio da
Imprensa, na categoria Fado e em 2006 com o Prémio Amália Rodrigues Carreira
Feminina.
Fonte: Museu do Fado - Última actualização:
Dezembro/2007
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