DEOLINDA
RODRIGUES
Deolinda
Rodrigues nasceu em Lisboa, no antigo Convento de Telheiras, no dia 30 de
Dezembro de 1924, mas prefere comemorar o seu aniversário a 1 de Janeiro de
cada ano.
Com
apenas 8 anos, Deolinda Rodrigues cantava por brincadeira na Sociedade
Recreativa da União Familiar de Telheiras. A fadista considera que o grande
impulso para a sua carreira profissional se deu com a classificação em segundo
lugar num concurso de fados, o "Concurso da Primavera", organizado
pelo jornal "Diário Popular", onde se apresentavam artistas amadores
e profissionais.
A
sua estreia artística realiza-se por intermédio do empresário José Miguel e é
noticiada no jornal Canção do Sul, onde se lê:” amadrinhada por Maria do
Carmo Torres, estreou-se no passado dia 6, no Retiro dos Marialvas, a novel
cantadeira Deolinda Rodrigues que foi muito bem recebida pela numerosa
assistência.” (cf. “Canção do Sul”, 1 de Novembro de 1944, p.16). A partir
deste momento, Deolinda Rodrigues apresentar-se-á como profissional em vários
espaços de fado como o Baía, o Vera Cruz, o Café Mondego, o Café Latino ou a
Urca (na Feira Popular), entre muitos outros.
Em
1947 Deolinda Rodrigues é convidada para o teatro e estreia-se na revista
“Cartaz da Mouraria”, ao lado de Hermínia Silva, no Teatro Apolo, onde
interpreta o tema “Severa, de autoria de Fernando Santos e Raul Ferrão. Nesse
mesmo ano o jornal Canção do Sul apresenta-a na capa da edição de 16 de Março
onde, sob o título “Flor de harmonia do fado” lhe tecem os mais rasgados
elogios: “Os que gostam do fado sabem que a Deolinda o canta, como ele deve ser
cantado: com sentimento, melodia e expressão. Na alma desta rapariga, modesta e
despretensiosa, a balada fadista é flor singela a desfolhar-se em pétalas de
poesia…” (cf. “Canção do Sul”, 16 de Março de 1947, p.3).
A
ligação da fadista ao teatro de revista prolongar-se-á com grande sucesso e
subirá a palco para operetas e revistas como o “Passarinho da Ribeira” (1947),
“Fogo de Vistas”, levada à cena no Teatro Maria Vitória (1950, “Já Vais Aí”
(1956), “Lisboa em Festa” (1958), “Vamos à Lua”, “Viro Disco”, “Arraial de
Lisboa” (1959) e “Sopa no Mel” (1965).
Incentivada
pelo cantor José António propõem-se a exames para a Emissora Nacional, sendo o
Maestro Nóbrega e Sousa um dos membros do júri que a aprova. Deolinda Rodrigues
passa a ter um programa semanal na rádio.
Segundo
nos revelou em entrevista, Deolinda Rodrigues terá sido a partir da audição de
um dos seus programas de rádio, pelo realizador Henrique Campos, que surgiu o
interesse na fadista para as filmagens de um novo filme. Deolinda Rodrigues
aparecerá, assim, nos ecrãs de cinema em 1950 contracenando ao lado de Alberto
Ribeiro no popular filme “Cantiga da Rua”, realizado por Henrique Campos. Após
esta estreia de sucesso, Deolinda regressará ao cinema, em 1952, no filme
"Madragoa", de Perdigão Queiroga e em 1956, sob a direcção de Artur
Duarte, no filme "O Noivo das Caldas". Considerados “o par romântico
do cinema e do teatro”, Deolinda Rodrigues e Alberto Ribeiro protagonizariam
umas das duplas de maior sucesso na década de 50.
Após
o seu casamento e o nascimento da filha, na década de 50, Deolinda Rodrigues
decide afastar-se da carreira artística durante cerca de dois anos. Voltaria a
retomar a sua actividade com a participação em cinema, rádio, programas
televisivos e o convite para digressões nacionais e internacionais.
Deolinda
Rodrigues faz digressões ao Brasil e África, aos Estados Unidos da América e
Canadá, com Rui Mascarenhas e, em 1965, volta a deslocar-se para espectáculos
em África, Venezuela e Brasil.
A
película “Passarinho da Ribeira” (1960) de Augusto Fraga voltaria a revelar
Deolinda Rodrigues como protagonista de cinema e as casas de fado continuam a marcar
presença no seu percurso artístico, com destaque para o Faia, a Tipóia, onde
integrou o elenco durante 12 anos e o Painel do Fado, onde se apresentou
durante 15 anos.
Na
década de 80 estreia-se na produção televisiva nacional “Um Solar Alfacinha” (1989)
a que se segue a participação na telenovela “Vidas de Sal” (1996). E, mais
recente mente, entre Junho e Novembro de 2004, participou assiduamente no
programa de televisão "Portugal no Coração".
A
2 de Outubro de 2004, a Associação das Colectividades do Concelho de Lisboa
homenageou-a pelos seus 60 anos de carreia e, a 12 de Março de 2005, a Câmara
Municipal de Lisboa assinalou estas décadas dedicadas ao fado com a realização
de um espectáculo no Fórum Lisboa, onde Deolinda foi acarinhada com a presença
de amigos como Anita Guerreiro, Maria Valejo, Marina Mota e Natércia Maria,
entre muitos outros.
Em
2007 foi-lhe atribuída pela Câmara Municipal de Lisboa a Medalha Municipal de
Mérito, Grau Prata, destacando Deolinda Rodrigues como “um nome incontornável
da canção nacional na primeira metade do século XX".
(Deolinda
Rodrigues faleceu em 10 de Outubro de 2015)
Fonte:
Museu do Fado - Última actualização: Janeiro/2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário