ALBERTO
JANES
Alberto
Janes nasceu a 13 de Março de 1909 em Reguengos de Monsaraz, filho mais novo de
Maria do Carmo Fialho e de Armando Janes. O pai era farmacêutico, proprietário
e director técnico da farmácia Moderna na mesma localidade. A família Janes
vivia no prédio que albergava a farmácia. Alberto tinha um irmão mais velho,
Carlos, que veio a falecer prematuramente, vítima de pneumonia.
Desde
pequeno que Alberto Janes demonstrou interesse e uma habilidade especial pela
música e pela escrita, mas durante o seu percurso escolar, no liceu de Évora,
começa também a sentir o gosto pela química e pela área farmacêutica. Alberto
Janes acaba por enveredar pelos estudos na área farmacêutica e frequenta a
Escola Superior de Lisboa, na velha “Quinta da Torrinha” e, posteriormente,
transita para a Faculdade de Farmácia do Porto, onde acaba por concluir os seus
estudos, em meados dos anos 30. Os colegas de curso caracterizavam Janes como
«estudante com “mesada-farta”, músico e poeta, pouco dado ao estudo dos assuntos
farmacêuticos e mais voltado para outras leituras e para as noitadas. É no
final da licenciatura que Alberto Janes integra uma equipa de estudantes, para
realizar uma récita de despedida. Esse espectáculo musicado ficou conhecido
como “As pílulas do Sr. Doutor”, tendo sido «toda escrita e musicada por
Alberto Janes, que acabou por desempenhar, de modo exemplar, o papel de
“compére”.
Finalizada
a licenciatura regressa a Reguengos de Monsaraz e, após a morte de seu pai,
torna-se proprietário e director técnico da farmácia da família. Em 1936 casa
com Maria de Lurdes Figueiredo, da qual tem dois filhos. Durante a sua vivência
em Reguengos de Monsaraz nos anos 40 e 50, passava longos serões no Café
Central de Reguengos, em tertúlias, onde tocava e compunha de improviso.
Durante estas décadas, Alberto Janes isolava-se muitas vezes ao piano, para
compor e a escrever. É nesta altura que escreve a célebre música “Foi Deus”,
que ele próprio indicou que “era um fado para a Amália”.
Segundo
entrevista dada por Amália Rodrigues, Alberto Janes chegou a sua casa e
contou-lhe que era farmacêutico e que tinha uma farmácia em Reguengos, mas que
a sua grande paixão era a música, era ser artista e que tinha um fado para ela.
Amália considerou as palavras que ele escreveu e a música que ele compôs e
interpretou-a com grande sucesso ao longo de toda a sua carreira.
Na
década de 60 a família de Alberto Janes desloca-se para Lisboa e sedia-se em
Oeiras. Amália já tinha gravado outras peças musicais da autoria de Alberto Janes,
como “As rosas do meu caminho” e “Fadista Louco”. De facto, nesta altura, o
compositor e letrista já só escrevia para Amália Rodrigues. Nesta década,
surgem outras obras como “Um fado nasce” e “Vou dar de beber à dor”, esta
última um grande sucesso da sua carreira que até motivou a gravação de versões
noutras línguas latinas.
Entretanto,
a família Janes, mantinha contacto próximo com a família de Aluisio Marques
Leal, seu ex-colega de Curso, o qual na altura fazia parte de uma antiga
sociedade anónima do sector farmacêutico à qual pertencia a farmácia Estácio,
na baixa de Lisboa. Por estes tempos, a farmácia necessitava de um farmacêutico
e Alberto Janes estava interessado em retomar a actividade farmacêutica. Passa,
então a dirigir a referida farmácia Estácio.
Em
1970, Amália canta “É ou não é?”, lançando uma versão longa em vinil
inteiramente com composições de Janes, entre as quais se integra “A Rita Yé,
Yé”, “Vai de roda agora” e “Lá na minha Aldeia”. “Oiça lá Ó Senhor Vinho” é
gravado em 1971, sucesso que deu nome a um novo vinil de Amália Rodrigues,
último que Alberto Janes viu nascer.
Alberto
Janes faleceu subitamente a 23 de Outubro de 1971, com 62 anos, após o segundo
enfarte do miocárdio. No entanto, a sua contribuição para a herança discográfica
de Amália Rodrigues ainda não tinha terminado, pois Amália edita mais um
trabalho seu, a que deu o nome de “À Janela do Meu Peito”.
A
influência de Alberto Janes no fado português continuou a fazer-se sentir na
década de 70 e 80, com temas como “Caldeirada”, “Ao poeta perguntei”, Il mare é
amico mio”, e muitas outras composições cantadas por nomes como Francisco José,
Fernando Machado Soares, Hermínia Silva ou Alfredo Marceneiro.
Em
1981 a família e os amigos prestaram-lhe homenagem ao descerrarem uma placa na
sua casa em Reguengos de Monsaraz. Também a Câmara Municipal de Reguengos, a 25
de Abril de 1984, lhe prestou, homenagem ao dar o seu nome a uma rua da
localidade.
Fonte: Museu do Fado - Última Actualização: Outubro / 2011
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